R$ 3 milhões por ano: cooperativa de Ricos de Amor, da Netflix, é salvação da lavoura de famílias no ES
Papel da agricultura familiar no Estado vai da garantia de compra para pequeno produtor até geração de emprego para a família complementar renda; faturamento atual supera os R$ 3 milhões em uma única cadeia produtiva; entenda e veja webvideorreportagem inédita
Enquanto recepcionava a Coluna Pedro Permuy para a entrevista na sede da Cooperativa da Agricultura Familiar de Cariacica (CAFC), o presidente da instituição, Davi Barcelos, deu o sinal verde para mais de 300 caixas de banana produzidas no município irem direto para São Paulo. Assim que terminou de dar o comando, confirmou: para o ano que vem, o investimento programado já é milionário - sem contar aquisições recentes que incluem um super terreno para novas câmaras frias e fábrica de mariola com geração direta e imediata de cerca de 50 empregos.
“Já estamos com a obra em andamento, já estamos na fase de fazer o assentamento para as câmaras (frias) e vamos colocar umas três ou quatro de início. Depois, vamos aumentando. E vamos ter a nossa própria fábrica para a produção das mariolas, que hoje já fazemos, mas é um serviço terceirizado com a nossa matéria-prima, em Vargem Alta”, comenta, durante o bate-papo.
O cenário é bastante parecido com o que Ricos de Amor 2, da Netflix, narra: de grão em grão, literalmente, a agricultura familiar cooperada salva a lavoura de dezenas de centenas de famílias pelo Espírito Santo todo. Com os produtores juntos, o rendimento consegue ser até quase o dobro do que os produtores autônomos conseguem comercializar.
Na trama, uma gigante alimentícia pensa em se instalar em determinada área que, inclusive, abriga parte de floresta amazônica para explorar a riqueza da fertilidade do solo da região. No local, famílias já vivem de pequenas produções independentes e, ameaçadas, contam com a ação de Teto (Danilo Mesquita) e Paula (Giovana Lancelotti) para criarem uma cooperativa. No fim (aqui um spoiler), a cooperação familiar cresce tanto que o grupo domina o mercado e não deixa espaço para nenhum mega monopólio industrial.
“Hoje pagamos R$ 40, em média, para a caixa de banana do nosso associado, sendo que fora da gente o preço não costuma passar de R$ 30”, compara Davi, que hoje conta com a produção de exatos 164 produtores de todo o Estado.
Que é o que acontece também do outro lado do Estado, na mesma lógica de as famílias unirem as próprias forças.
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Na Cooperativa dos Agricultores Familiares de Afonso Cláudio (Cafac), com pouco mais de 100 sócios, o presidente, Jocimar Kepp, adianta que a variedade de produção agrícola ainda permite que os cooperados abasteçam o mercado interno.
Sozinho, o faturamento da entidade deu segurança de sustento e garantia de mais investimentos para 2024 com o rendimento dos últimos 12 meses.
“Ano passado nós fechamos o nosso faturamento em mais de R$ 3,5 milhões. Isso não só faz o produtor ter certeza de que vai vender tudo o que ele produz como abastece o nosso mercado interno que for necessário e nos dá, como cooperativa, segurança também para investir. Estamos, neste momento, vendo a instalação de câmaras frias aqui na sede que, na verdade, acabamos de inaugurar. Antes, o espaço era menor e estamos, também agora, ampliando nossa estrutura para abraçar melhor os nossos sócios, que são, na maioria, aqui da região toda”, celebra Jocimar.
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DE DAR INVEJA EM CARMEN MIRANDA
Se na super produção da Netflix é o tomate o rei da lavoura, entre os capixabas ela não só é a rainha como é a salvação das terras de Cariacica Sede: a banana.
De dar inveja em Carmen Miranda, as amarelinhas que crescem no Espírito Santo vão parar até São Paulo em uma crescente que, hoje, se transforma em perspectiva de novas atuações.
Tanto é o sucesso que, como o presidente confidencia a este colunista, a CAFC já mira no enriquecimento da fruta como fonte de renda.
“Para o ano que vem queremos implementar de vez a produção das mariolas para a gente, um processo que hoje é feito em Vargem Alta, como também queremos incluir uma produção independente que hoje existe ao nosso portfólio, que é da produção de trufas e bombons de banana. Esse trabalho é feito por esposas e familiares de produtores para complementar a renda, mas que é um projeto nosso trazer para a cooperativa”, fala, de novo, reiterando a importância da cooperativa na certeza de renda para o produtor.
E é exatamente isso que a produtora Elisete Almeida, de 48 anos de idade, e o marido, o também produtor Gilmar Almeida, de 50, comemora: a garantia de compra por parte da cooperativa.
“Saber que toda a nossa produção tem um fim comercial nos fez conseguir investir em umas outras coisas, como em frutas, agora”, fala ela apontando para um pé de abacate, de limão e uns outros frutíferos de mais fácil cultivo. “Como estamos começando, ainda estamos vendo como é, mas já é o início do que pode ser uma próxima produção”, reflete, animada.
Para ela, que está na cooperativa desde que começou as atividades, em meados de 2017, a evolução é contínua. “Como nós não temos hora na roça, é direto, ter esse suporte foi essencial e foi claro esse nosso crescimento nesse intervalo de tempo. Hoje, não só trabalhamos, mas também tentamos inovar e empreender por meio do que os demais cooperados compartilham conosco e com a diretoria”, complementa.
O X DA QUESTÃO
Depois de um tempo no trabalho, a Cafac tem um denominador comum sobre o X da questão do trabalho em comunidade. Jocimar e os cooperados, de acordo com ele, entenderam que o segredo é todos se ajudarem para a perspectiva de crescimento ser cada vez maior. O pós-pandemia, para a região, foi a que teve mais demanda para associados do que nunca antes na história.
“Nós vínhamos em uma crescente, como registra o nosso banco de dados. Mas o durante e pós-pandemia, já no fim, mostrou para os produtores o lado ‘bom’ que o isolamento trouxe para nós, da agricultura familiar: que juntos somos, de fato, mais fortes. A quantidade de gente que nos buscou depois desse período você não faz ideia e, com o tempo, mais e mais pessoas procuram essa coletividade, que, atualmente, é o que nos possibilita crescer como cooperativa e buscar novos incentivos e formas de fornecer nosso trabalho ao mundo”, celebra.
A Cafac opera desde 2012.
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"A melhor parte é fazermos, com a nossa experiência, mais pessoas enxergarem essa importância e conscientizar sobre as possibilidades que temos quando estamos nesse tipo de regime", comemora ainda.
VÍDEO
Em webvideorreportagem inédita, a Coluna Pedro Permuy, que não é boba nem nada, registra parte dos momentos e das entrevistas, com direito a vistas panorâmicas das cooperativas, do que é distribuído para todo o Sudeste e expectativas.
Assista: