PEDRO PERMUY

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Entretenimento e Cultura

Filme "Mais Que Amigos" é bom conto de fadas gay e expõe realidade LGBT+

Narrando um amor improvável em cenários que não excluem poliamor e bate-papos sexuais, "Bros" (2022) diverte e termina com a apoteose de um conto de fadas

Pedro Permuy

Redação Folha Vitória
audima
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Foto: Universal Pictures/Reprodução
Aaron (Luke Macfarlane) no chão, por cima, e Bobby Leiber (Billy Eichner) deitado 
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É verdade que "Bros" (2022) - "Mais Que Amigos", no Brasil - se apropria de uma atmosfera de conto de fadas para narrar um romance gay. Mas os ares frescos desse amor com final feliz também mostraram um quê de "cardápio sexual" que dá pano para manga no debate de como é o mundo LGBTQIA+. Sem querer se esquivar da realidade, no entanto, a trama também surpreende por não se render à mesmice do passo a passo (quase) "certo" de um relacionamento hétero. 

Afinal, é bem isso que mostra a rotina que vive Bobby Leiber, personagem do ator Billy Eichner

O ativista, na trama, leva a vida a poder de buscar parceiros pelo Grindr (popular app de relacionamento homossexual) - um por dia, diga-se de passagem. Apesar de triste, não é nada incomum constatar uma rotina dessas em se tratando de um homem gay que acaba solteiro com seus 30 ou 40 e poucos anos. 

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Neste ponto, caro leitor, a Coluna Pedro Permuy, que não é boba nem nada, alerta: a partir de agora, esta publicação pode conter spoiler

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Em uma luta incessante por um namorado e depois de fazer das tripas coração para se sentir amado, é em uma casa noturna que ele encontra o gostosão Aaron, que no filme é vivido pelo ator Luke Macfarlane. Na boate, os dois trocam olhares mas, de novo, caem em um clichê LGBTQIA+: a conversa baseada em "Ei, tudo bem?" e nada mais. A trama, aliás, usa bastante dessa riquíssima (?) troca de palavras em vários momentos para demonstrar o quão superficial pode ser um encontro gay. Mas nada que supere a vontade do protagonista de experimentar rir, chorar, lamentar e celebrar com (uma só) outra pessoa. Também apesar de explorar orgias e sexos grupais entre homossexuais, "Mais Que Amigos" termina dando uma lição de moral para o poliamor sem deixar de registrar sua existência, afinal, cada um decide com quem (e quantos) vai se deitar à noite. 

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É nessa intimidade que o norte-americano "Bros" quebra uma imagem de "gay padrão" construída por Aaron. 

Foto: Universal Pictures/Reprodução
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Apesar do porte físico chamativo, do comportamento bastante normativo para o meio e do linguajar pouco usual entre os que frequentam ambientes LGBTQIA+, o galã da história justifica o estilo de vida por uma infância e juventude enrustidas - até a um ponto em que o próprio crush da época da escola também sai do armário e mexe com o coraçãozinho do corpão sarado. 

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O mais legal é que entre peripécias gays, lésbicas, bissexuais e não-binárias, "Mais Que Amigos" não pesa a mão para falar do amor entre dois homens e, principalmente, não apela para o drama na hora de retratar a história, mesmo que provoque uma lágrima ou outra nos espectadores em alguns pontuais momentos da narrativa. 

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Motivo para rir também não falta na comédia romântica divertida, que é boa no seu papel. Até a sexualidade de Abraham Lincoln é questionada em um dos debates do filme, que também gira em torno da inauguração do que será o primeiro museu da história LGBTQIA+ dos Estados Unidos - evento que acontece no fim do longa com participações que enchem a telona dos cinemas de brilho, glitter, glamour e luxo em um combo que só mesmo uma trupe de drags, gays, lésbicas, trans e bissexuais poderiam proporcionar. 

Foto: Universal Pictures/Reprodução
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Por fim, com roupagem de cenas clássicas de uma comédia romântica e aquele (quase brega) amor improvável, sem deixar de falar de pênis, ânus e sexo gay, "Mais Que Amigos" entrega diversão, questionamentos do universo LGBTQIA+ e emoção, claro, terminando com a apoteose de um conto de fadas. 

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