Restaurar os dois andares do Santuário de Anchieta, no Sul do Espírito Santo, fez serem descobertas 13 relíquias da história religiosa do Brasil no Estado. Relicários de São Tomás de Aquino, Santo Inácio de Loyola, São Francisco Xavier e até um fragmento da Cruz de Cristo ficarão, agora, dentro de um móvel nobre no interior da sacristia do ponto turístico, totalmente revitalizado por R$ 10,5 milhões.

O local ainda ganhou uma cafeteria e loja, construídas em estruturas “aéreas” para não atrapalharem a arquitetura e visão originais do sítio histórico que é o Santuário. O projeto, que começou há três anos, contou com participação de profissionais até de fora do Brasil, da Europa, além de mais de 280 trabalhadores que tiveram empregos gerados pelas obras, financiadas com dinheiro da Vale e BNDES via lei de incentivo fiscal federal.

“O Santuário foi inaugurado em 1579. São quase 500 anos! Eu mesma não tinha noção do que era o projeto no início. E as oportunidades foram surgindo”, destaca Erika Kunkel, gestora cultural e presidente do Instituto Modus Vivendi, com exclusividade à Coluna Pedro Permuy.  

Uma das apostas dela foi a criação do primeiro centro interpretativo do Brasil. O espaço é como se fosse um museu, mas com experiência diferente para o visitante. “É um formato muito comum na Europa. É como se fosse um museu, mas que pelos elementos interativos você se insere na história e vive como se estivesse lá”, adianta.

Erika destaca, por exemplo, um boneco de silicone de São José de Anchieta que está no local. A escultura recebe uma holografia que a deixa com rosto perfeito, expressão e até movimento. “Isso compõe as diversas descobertas que tivemos. Desde pinturas originais até relíquias que estavam escondidas no local”, pontua.

Relicários de São Tomás de Aquino, Santo Inácio de Loyola, São Francisco Xavier e até um fragmento da Cruz de Cristo foram completamente revitalizados e ficarão à mostra na sacristia. Além deles, outras dezenas de itens foram recuperados por ateliês de São Paulo para serem expostos. Todos têm certificado do próprio Vaticano, que confere a originalidade dos elementos.

“Restauramos a igreja, a residência, montamos o centro interpretativo… E construímos o café e a loja, que serão cuidados pelos próprios jesuítas, que ajudaram muito na documentação de tudo. Aliás, todos os documentos foram digitalizados e estão em uma sala no segundo andar, que é o centro documental. Isso também é novidade, já que, lá, esses documentos ficarão à disposição da sociedade e dos turistas que tiverem interesse”, fala.

Outra grande mudança foi a climatização completa do local, que recebeu aparelhagem de ar condicionado super moderna. Erika se inspirou em instalações refrigeradas que viu em uma viagem à Europa e trouxe a tecnologia para o Espírito Santo. Os aparelhos foram colocados abaixo do solo do templo religioso. Dessa forma, as saídas de ar ficam por baixo e são imperceptíveis.

“Nessa etapa das reformas nós peneiramos toda a terra que tiramos, filtramos as ossadas que estavam enterradas no local, colocamos em urnas e enterramos abaixo do altar”, confidencia.

O Santuário será oficialmente inaugurado no dia 18 de novembro.