/1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_TOPO |
Entretenimento e Cultura

Preta Gil fala sobre julgamentos e autoaceitação: 'antecipei essa onda de empoderamento'

Ao longo da vida eu aprendi a lidar com as adversidades e transformar o não em sim, o julgamento em respeito, diz a artista

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
audima
audima
Foto: Reprodução / Instagram
pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_02

Preta Gil está de volta aos teatros com o seu próprio monólogo, chamado Mais Preta Que Nunca. E em entrevista ao colunista Leo Dias, a cantora afirmou que tinha vontade de fazer teatro desde que participou da peça Um Homem Chamado Lee, e que se preparou por dois anos para o seu projeto acontecer. O espetáculo, inclusive, tem direção geral de Otávio Muller, seu ex-marido, e direção musical de Francisco Gil, fruto da relação com Otávio.

- Otávio e eu nos conhecemos desde a adolescência e ele é pai do meu filho, convivemos intensamente a vida toda e eu confiei a missão a ele justamente para não perdermos tempo em fazer sala, focamos no objetivo. Mas o curioso desse processo é que Francisco, nosso filho, é o diretor musical, e eu me vi nas mãos dos dois, acatei as ordens, fui obediente e voto vencido muitas vezes. Não tínhamos tempo para ruídos. Somos gente que se gosta e se respeita há muito tempo.

Preta assumiu que o texto do monólogo surgiu através de um aplicativo de mensagens.

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_03

- Fiz um grupo de amigas no Whatsapp e perguntei as lembranças delas, minha irmã Maria também foi fundamental já que vivemos boas coisas juntas. Meu empresário Marcello Azevedo me recordou de histórias que eu sempre contava e que ele achava que era bacana incluir. Tudo começou quando eu e a roteirista Daniela Ocampo ficamos presas em um spa fazendo uma boa viagem no tempo entre risadas, lágrimas e comidinhas fit. Tem muita coisa que ficou de fora, quem sabe eu não faço uma sequência. A peça acaba quando eu viro cantora.

A artista explora bastante a sua trajetória durante o monólogo, mas tomou cuidado para não incluir muitas histórias que envolviam outras pessoas.

- Fiz questão de não envolver histórias particulares que envolviam outras pessoas conhecidas. Não achava justo, conheço muita gente e não seria bacana ficar explorando intimidades dos outros somente de um ponto de vista meu. Toda história tem dois lados.

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_04

Uma das histórias inseridas no espetáculo envolve um beijo trocado por Preta e a diretora Amora Mautner, na adolescência.

- Nasci no maravilhoso mundo tropicalista, sou filha de hippies de uma geração que acreditava na paz e no amor, que lutou pela liberdade, e na nossa casa ninguém julgava ou rotulava ninguém. Não tinha isso de fulano é gay, ciclano é hétero, as pessoas eram amadas e respeitadas por serem seres humanos. Demorei um tempo até entender essas diferenças e o preconceito. Nesse episódio eu devia ter uns 16 anos, foi numa aula de Matemática e a professora do nada fez um comentário de que gay era uma doença mas que tinha cura. Eu e Amora [Mautner] éramos melhores amigas, ela também cresceu num ambiente onde a gente achava tudo isso muito normal. A gente era da turma do fundão e quando a professora disse isso, mexeu com a gente. Oi? Olhamos uma para a outra, demos as mãos, fomos até a frente e dissemos que não tinha nada de doença e falamos em tom sério É normal homem namorar homem, mulher namorar mulher e a gente também namora. Demos um beijão na boca uma da outra. A galera foi ao delírio. Fomos convidadas a nos retirar da escola.

Outra menção feita na obra é a postura da cantora em seu processo de autoaceitação.

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_05

- Tem uma história que conto no espetáculo que reflete bem isso. O que era para ser bullying na escola eu transformei em showzinho e parei o recreio. Ao longo da vida eu aprendi a lidar com as adversidades e transformar o não em sim, o julgamento em respeito. Não é mérito meu apenas, mas antecipei essa onda de empoderamento. Eu mostrava meu corpo, minha celulites, minha sexualidade e confrontava os padrões muito antes disso virar moda. Nunca é fácil conviver com quem não te entende e tenta te rebaixar, mas a vida me ensinou que a pessoa só tem uma saída para ser feliz: ser ela mesma, se aceitar e se amar.

Arrasou, hein?

/1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_FINAL_DA_MATERIA |
/1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_FINAL_DA_MATERIA |

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Saiba mais sobre nossa Política de Privacidade.