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Entretenimento e Cultura

Quasar retorna aos palcos em projeto que inclui espetáculo do estilo musical

Estadão Conteudo

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Há 60 anos, um compacto duplo de João Gilberto (com as canções Chega de Saudade e Bim Bom) dava início a um dos estilos musicais brasileiros mais tocados no mundo: a Bossa Nova. Há 30 anos, a junção da dança com temas filosóficos e aspirações humanas resultava na criação da Quasar Cia de Dança. Agora, as duas datas são comemoradas no retorno aos palcos da companhia criada por Henrique Rodovalho.

A volta do grupo goiano, que passou dois anos com as atividades paralisadas em razão das dificuldades financeiras e falta de patrocínio, ocorre com o espetáculo O Que Ainda Guardo, após convite da marca de joias Vivara.

Para Rodovalho, a oportunidade é mais do que a chance de retornar aos palcos depois de interromper o trabalho de 25 criações e apresentações em diversas cidades do Brasil e de outros 25 países. "Quis aproveitar esse convite, que hoje chamo de presente, para mostrar os 30 anos de um caminho conquistado na dança contemporânea", afirma o coreógrafo.

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A Quasar é uma referência no estilo contemporâneo e conhecida por tentar provocar a plateia sobre o tema que seus bailarinos estão dançando. Em Divíduo, por exemplo, obra de 1998, a companhia fala da solidão da vida cotidiana. O cenário era dividido em quatro ambientes, onde os bailarinos dançavam separadamente. Situações do cotidiano interferem na movimentação, como a chegada de um entregador de pizza.

Para o atual espetáculo, tais características são preservadas. Os bailarinos fazem movimentos que aparentam ser simples, mas possuem uma técnica complexa, para transmitir ao público a origem da Bossa, derivada do samba e com elementos do jazz, e resgatar a história da Quasar.

"O espetáculo retoma vários espetáculos meus ao longo desses 30 anos. Até por isso, a escolha do nome O Que Ainda Guardo. Trata-se do guardo da Bossa Nova e dos meus trabalhos", afirma o coreógrafo.

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O início do espetáculo é cronológico, passando pelo período que dá origem à Bossa Nova, com canções de Angela Maria, Nelson Gonçalves, Maísa, Cauby Peixoto, mas logo se torna "uma viagem por vários ambientes e climas", argumenta Rodovalho. "É um espetáculo eclético, de leveza, mas com uma técnica muito bem desenvolvida", completa.

Além do desafio de criar as coreografias com o estilo musical da Bossa Nova, Rodovalho ensaia, desde junho, com um corpo de baile inédito e acredita que o trabalho foi muito positivo. "Tivemos que chamar bailarinos de fora, e eles estavam muito dispostos. É a primeira vez que estão trabalhando comigo e vieram com muita vontade de conhecer meu estilo de movimento, meu trabalho. Vieram muito receptivos com meu trabalho. Foi um processo de conhecimento."

Reflexão

Como esperado, o espetáculo traz um momento de reflexão sobre uma questão da atualidade e usa para isso o cenário do surgimento da Bossa: o Rio de Janeiro. Mas Rodovalho ressalta que não se trata de uma forma de protesto.

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"Com três músicas que falam do Rio da época da Bossa Nova, eu coloco um momento reflexivo. O Rio continua sendo maravilhoso, mas vive a crise, a violência. O espetáculo termina um pouco com essa reflexão: o que aconteceu com o Rio de hoje? Por que estamos assim?"

As canções selecionadas para o momento foram Corcovado, Samba do Avião e Águas de Março de Antonio Carlos Jobim.

Outro tema que foi motivo de reflexão do coreógrafo com seus bailarinos foi a mulher e o empoderamento feminino nos dias atuais.

"Cantar a beleza da mulher - o que é isso hoje? O que era há 60 anos? Fomos conversando sobre esses temas, assuntos dos quais a Bossa Nova tratou e precisamos saber como tratamos hoje. Eu também quis retratar como esses bailarinos expressam isso hoje", conclui, animado, Rodovalho.

O QUE AINDA GUARDO

Auditório Ibirapuera.

Av. Pedro Álvares Cabral, Pqe. Ibirapuera, Portão 2. Sáb. (22), 21h. Dom. (23), 19h. R$ 30

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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