/1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_TOPO |
Entretenimento e Cultura

'Ãrrã' coloca uma lente de aumento sobre o que está embutido no dia a dia

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
audima
audima
pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_02

São Paulo - Ãrrã é daquelas expressões comuns em qualquer conversa, que, de certa forma, demonstra o interesse por aquilo que o outro está falando. O termo batiza o novo espetáculo da Cia. Empório de Teatro Sortido, que estreia nesta quinta-feira, 17, no Sesc Belenzinho, escrito e dirigido pelo cantor, músico e compositor - em carreira solo e no grupo 5 a Seco - Vinicius Calderoni. Com um jogo cênico que envolve múltiplos personagens, a peça, define o autor, busca a beleza no ínfimo e no banal contidos nas relações interpessoais.

"Ãrrã é a expressão mais banal e usual, falamos isso o tempo inteiro. É uma concordância, você assente sem perceber. Quando a gente começa a reparar, é insuportável. E eu acho que essa peça é um pouco sobre isso, colocar uma lente de aumento sobre aquilo que está mais embutido no dia a dia sem ser percebido", comenta Vinicius.

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_03

O autor teve as ideias iniciais para Ãrrã em 2011, enquanto escrevia, em lugares públicos, sua estreia como dramaturgo e diretor, Não Nem Nada. "Escutar as vozes das outras pessoas ajudou muito na própria dramaturgia, roubando frases", lembra. Mas só no ano seguinte, depois de ter finalizado seu primeiro trabalho teatral - montado em 2014 e finalista do Prêmio Shell nas categorias de melhor autor e melhor atriz (Renata Gaspar) - que ele organizou suas anotações para investigar situações em que os pensamentos das personagens vão fluindo paralelamente ao que está acontecendo no local em que estão fisicamente - sem necessariamente ter relação com o ambiente ao redor.

Assim, em uma das sequencias da peça, ele vasculha a mente de pessoas que foram assistir à apresentação de um violoncelista inglês: o rapaz apaixonado platonicamente pela amiga, um senhor de mais idade com dificuldade para encontrar seu assento, o músico iniciante que sonha em estar naquele palco e o crítico inseguro querendo ser reconhecido, entre outros tipos. São três blocos em que as situações são as mais variadas - de um garoto que visita o planetário pela primeira vez ao primeiro encontro de um casal em um restaurante e até uma moça sofrendo um ritual de mutilação genital em uma aldeia africana, por exemplo.

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_04

Se em Não Nem Nada eram quatro atores que também se dividiam em personagens diversos, em Ãrrã, isso cabe a uma dupla interpretar os devaneios criados por Vinicius: Luciana Paes e Thiago Amaral, da Cia. Hiato. A atriz já estava escalada para o espetáculo e mostrou, sem Vinicius saber, o texto ao colega de grupo, que logo procurou o amigo para também participar da montagem.

Com apenas duas pessoas, muda também a dinâmica dos jogos, assim como a concepção do cenário, que é composto apenas por uma espécie de prancha de madeira móvel. "As cenas se interligam, mas existe um tempo entre o momento em que você vê uma nova figura que o ator começa a incorporar e o tempo em que ele vai corrigindo o foco até entrar nessa figura de verdade. É como se existisse um espaço de três, quatro falas em que o ator está encontrando o lugar exato daquele personagem, enquanto o cenário e a luz estão mudando", explica Vinicius.

pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_05

Ele vê nesse trabalho uma aproximação maior com o cinema, com os conceitos de zoom in (aproximação) e zoom out (afastamento) aplicados no teatro. "O zoom in de olhar o ínfimo, as nossas precariedades, as nossas fragilidades, com beleza. Por outro lado, o zoom out é de olhar de fora", diz Vinicius, que tem o filme Magnólia (1999), de Paul Thomas Anderson, com várias tramas se intercalando, como referência para o projeto.

Com outra ideia isolada para uma peça em vista, o dramaturgo percebeu que teria então uma trilogia, que chamou de Placas Tectônicas. Chorume, ainda não escrita, completa a trinca, também com número par de atores (seis), e tendo como matéria-prima, como ele diz, uma "literatura imprópria para o teatro" como a descoberta em manuais de instalação de geladeira, publicações de consultoria financeira, dedicatórias feitas em livros encontrados em sebos e placas de trânsito. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

/1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_FINAL_DA_MATERIA |
/1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_FINAL_DA_MATERIA |

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Saiba mais sobre nossa Política de Privacidade.