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Entretenimento e Cultura

"É muito natural para a gente fazer humor com música e cinema", diz Daniel Furlan

Humorista é um dos responsáveis pelo podcast "Ambiente de Música", que estreia nesta quinta-feira (29)

Guilherme Lage

Redação Folha Vitória
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Foto: Reprodução/Instagram @TVQuase
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Daniel Furlan já fez muita coisa em mais de duas décadas de carreira no audiovisual. Se aventurou com uma banda de garagem, tentou a vida com o cinema 'bang bang', mas abandonou a profissão, porque isso não era coisa de Deus. E por falar em religião, já arriscou até uma vaga na igreja católica como sumo pontífice, o papa mesmo.

Na verdade, quem deu as caras por todas essas profissões foram os personagens do capixaba multiuso. Agora, é representando um dos mais famosos deles, Renan de Almeida, o capixaba estreia a quarta  temporada do podcast "Ambiente de Música", nesta quinta-feira (29). 

O podcast é um spinoff do programa webteleviso "Choque de Cultura", onde os maiores nomes do transporte alternativo do país comentam os últimos lançamentos do cinema. 

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O formato musical foi uma ideia, de acordo com Furlan, que surgiu para estender o programa, deixar os participantes mais livres para comentar sobre assuntos diferentes, que não necessariamente se encaixam na fórmula do "Choque" que vai ao ar pelo youtube. 

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Um dos grandes trunfos do podcast, inclusive, é trazer os comentaristas Renan, Maurílio dos Anjos (Raul Chequer) e Julinho da Van (Leandro Ramos), sem o pulso de ferro do anfitrião do Choque de Cultura, Rogerinho do Ingá, interpretado por Caíto Mainier, que é um ferrenho opositor da música, seja ela de que gênero for. 

Caíto ainda participa do programa, seja na produção, seja como algum ouvinte disfarçado e descontente. 

"Não é necessariamente para tirar um sarro da crítica musical, é mais uma forma que a gente viu de mudar um pouco de assunto, de não falar só de cinema. A gente sabia que seria engraçado falar de música com aqueles personagens. Como o programa tradicional do Choque já tinha tido várias temporadas, pensamos em tentar algo novo, principalmente nesse formato de que o Rogerinho é contra, então eles precisam falar escondidos dele", contou Furlan em entrevista ao Folha Vitória. 

Temas e episódios da nova temporada 

O Ambiente de Música conta com mais de 5 milhões de streamings desde seu lançamento. A nova temporada "Deus e o Diabo na Terra do Som", trará 13 episódios que trarão opiniões embasadas dos pilotos sobre temas como pagode, nepo babies brasileiros e até mesmo a entrada de Eloy Casagrande para o Slipknot. 

Sobre este terceiro tema, Daniel explica que o programa será pautado sobre músicos brasileiros que deram sorte na gringa, e com isso, a participação de Casagrande é fundamental. 

" O episódio é sobre isso, sobre esses representantes brasileiros de nível internacional. Falamos inclusive de um percussionista brasileiro no Red Hot Chili Peppers, tudo na pegada do Choque, dos personagens mesmo. E claro, realmente o que aconteceu com o Eloy é muito utópico, a galera tem razão de ter celebrado tanto", contou. 

Também haverá embates históricos como "Funk carioca x funk paulista", além de "Versão Brasileira", "Caetano Veloso Furioso" e "Música de Uber". 

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A nova temporada é produzida pelo Canal Brasil e estará disponível em todas as plataformas de streaming. Os episódios seguem até o dia 21 de novembro. 

Um frequentador de ambientes de música 

A música não é nenhuma desconhecida na vida do humorista. Antes de se sacramentar como ator e roteirista, Daniel foi guitarrista e vocalista da banda capixaba Ócio, com quem lançou dois discos. 

O grupo chegou a tentar a sorte em Londres, Inglaterra, onde se apresentou em casas históricas da capital do Reino Unido, como Astoria e Barfly, antes de ser colocado para dormir em 2018. 

Arualmente, Furlan se dedica ao seu trabalho solo, "Tropical Nada", que lançou seu álbum de estreia de mesmo nome, no ano passado. Mas quando o criador se distancia para analisar a criatura, resta a pergunta: este é um disco feito para ser levado mais a sério? 

"Sem dúvida não é um disco de comédia, mas é engraçado, porque tem várias pessoas que dão risada de alguns trechos das músicas, rindo de partes que eu achava muito sérias (risos). Embora não seja um disco de piada, de humor, há coisas ali que as pessoas vão achar mais engraçadas, não tem jeito", disse. 

Além da música, outros temas sempre deram as caras no material apresentado pelos humoristas. Afinal de contas, esse humor nasce de coisas que eles consomem naturalmente, como cinema, futebol (vide o Falha de Cobertura), o próprio cotidiano, como explica o ator. 

"Sempre foi muito natural para a gente fazer humor com música, futebol, cinema, porque são coisas que nós sempre consumimos. Então, na minha opinião, isso torna todo o processo muito mais fácil, naturalmente também há uma identificação das pessoas, porque é feito de uma forma bem natural mesmo", relata. 

Começo da carreira em Vitória 

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Daniel é capixaba de Vitória, assim como grande parte de seus co-conspiradores da TV Quase, como Raul Chequer e Juliano Enrico, criador da animação "Irmão do Jorel", do qual Furlan também faz parte como roteirista e produtor. 

No início, lá no começo dos anos 2000, o canal era uma revista, focada principalmente em quadrinhos e foi formada na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), quando todos os participantes ainda eram alunos dos cursos de Comunicação e Artes. 

E para os capixabas que reclamam que a arte produzida aqui raramente encontra o grande público, naquela época o pessoal da Quase enfrentou os mesmos dilemas. 

"Sempre a mesma coisa, era um papo de  'aqui não tem nada', principalmente na época que a gente começou, que era uma revista e aconteceu todo aquele boom cultural do início dos anos 2000, havia essa pergunta de por que as manifestações artísticas daqui não reverberavam no resto do Brasil. Havia essa busca por reconhecimento, por aprovação dos outros lugares", contou. 

A mudança para Londres não chegou a influenciar negativamente no trabalho da Quase. Daniel relata que quando o projeto ainda se tratava de uma revista, a solução era fácil: era só enviar o material de lá; 

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As vindas a Vitória também aconteciam periodicamente, o que facilitou nas filmagens dos programas, quando a Quase se tornou uma produtora audiovisual. 

"Nessa época, quando fui para Londres, a Quase ainda era uma revista, então eu mandava as minhas coisas de lá. Essa transição para o audiovisual aconteceu quando eu já estava lá. Eu vinha para o Brasil meio que uma vez ao ano e gravava tudo nessas vindas. Tudo que fizemos nessas minhas vindas foi em Vitória, quem é daí reconhece os primórdios, a gente gravava na Ufes e também trazia uma galera do Espírito Santo, como o próprio Mozine". 

Pilotos ainda continuarão na pista por bastante tempo 

Terminar o Choque de Cultura não parece uma tarefa fácil. Aliás, não é nada que os idealizadores planejem, pelo menos não para um futuro próximo. De acordo com Daniel, a Towner, a Kombi e as Sprinters ainda têm bastante gasolina para queimar, seja falando de cinema ou no Ambiente de Música. 

Inclusive, há uma série fictícia de Renan, Maurílio, Rogerinho e Julinho que já está em pré-produção e deve ser disponibilizada em breve. 

"Acho que acabar com o Choque é difícil, houve um tempo em que parte de nós achava que deveria, mas o Ambiente de Música dá um baita respiro, uma outra forma de fazer o programa, como é um formato diferente, foi muito bem aceito. Há outros formatos que há uma certa resistência, como o programa de auditório. Mas está em pré-produção uma série de ficção sobre o Choque, que vai sair no Canal Brasil. Vai mostrar um pouco da vida pregressa e tudo isso sobre os personagens!, revela. 
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