Desafio do TikTok: pais quebram ovo na cabeça de filhos: "Abuso"; entenda polêmica que viralizou
A "brincadeira" começou a chamar a atenção de especialistas em educação infantil, médicos e psicólogos, que questionam trend que está acontecendo na web; veja alerta
Durante as últimas semanas, o chamado “Desafio do Ovo” viralizou nas redes sociais. A trend consiste em quebrar um ovo na cabeça de uma pessoa inesperadamente, enquanto cozinham, para gravar a reação.
Inicialmente, o desafio era feito somente entre casais, porém mais pessoas passaram a aderir à brincadeira, incluindo pais e filhos.
No entanto, a participação de crianças no desafio gerou uma repercussão negativa e revolta por parte de alguns internautas à medida em que os menores aparecem confusos, reclamam de dores ou choram nos vídeos.
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Apesar de algumas crianças rirem da situação, alguns pais estão sendo acusados por críticos da Internet de explorar os filhos por visualizações. Além disso, alguns usuários estão até mesmo comparando a ação ao abuso infantil.
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VEJA VÍDEOS
Em entrevista ao britânico Daily Mail, Sarah Adams, que realiza campanhas contra o compartilhamento excessivo de pais online, comentou ser contra o desafio.
"Muitas pessoas mandaram esses vídeos para mim, e vi que sempre termina em duas maneiras: A criança fica confusa e meio desnorteada com o ovo quebrado na cabeça, mas acha um pouco engraçado. Ou ficam muito chateadas e surtam" explicou.
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Ainda segundo Sarah, as motivações dos pais para realizar estes desafios são questionáveis e não fazem sentido.
"Quando vejo esses vídeos penso: estamos mesmo tão entediados enquanto pais e desesperados por conteúdo?", questionou.
Por fim, para Addams, o desafio em crianças apenas demonstra a necessidade atual de postar qualquer conteúdo na Internet para lidar com o mundo desgastante.
"Agora em 2023, nós estamos quebrando ovos na cabeça de nossas crianças, na esperança de que elas tenham uma reação divertida, a qual possamos postar publicamente online para entreter alguns estranhos?", questionou, de novo.
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CONSEQUÊNCIAS
A "trend" estimulava jovens a provocarem o auto sufocamento até o ponto de desmaio. O TikTok desativou a busca pelo desafio e emitiu comunicados de prevenção.
"Alguns desafios online podem ser perigosos, perturbadores ou até encenados. Saiba como reconhecer desafios perigosos para poder proteger sua saúde e bem-estar", afirma o comunicado publicado pela rede chinesa assim que se busca pela palavra-chave Blackout Challenge.
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Segundo apuração do jornal argentino Clarín, que noticiou a morte da adolescente Milagros, esta teria sido a terceira tentativa de auto sufocamento da menina. Ainda conforme a imprensa argentina, a família diz haver vídeos no celular da garota em que ela aparece tentando a asfixia outras vezes.
A morte não teria sido a primeira ligada a esta "brincadeira". Apesar de a reportagem não ter encontrado vídeos sobre o desafio no TikTok, há postagens relatando outros casos e alertando os usuários da rede social sobre o perigo.
A morte do britânico Leon Brown, de 14 anos, que foi encontrado asfixiado pelos pais em seu quarto em agosto de 2022, é uma das mais mencionadas nos vídeos que circulam na rede social. Na época, a mãe dele, Lauryn Keating, afirmou ao jornal escocês Daily Record que colegas do filho relataram que ele participou do desafio.
Em dezembro de 2021, a mãe da jovem Nylah Anderson, da Filadélfia, nos EUA, processou o TikTok pela morte da filha, que teria participado do mesmo desafio.
Mas, em outubro de 2022, o juiz rejeitou o pedido com base a Lei Federal de Decência nas Comunicações, dos EUA, que protege editores do trabalho de terceiros - a postagem é considerada de responsabilidade do seu autor, e não da rede. As famílias de mais duas meninas americanas, de 8 e 9 anos, mortas em 2021, também entraram com ação contra o TikTok pela mesma razão.
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"A curiosidade é um motor importante para a vida. Leva a desafios, experiências e ao crescimento do repertório da pessoa", diz Wimer Bottura, psiquiatra do comitê de adolescência da Associação Paulista de Medicina. Por outro lado, "como o repertório de informações da criança ainda é baixo, a intensidade da curiosidade dela tende a ser maior que a de um adulto", o que as tornam mais vulneráveis a manipulações e riscos.
TIKTOK
O TikTok afirma que desafios envolvendo asfixia são anteriores à rede social, lançada em 2016, citando documento do Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano de 2008 que já relatava mortes por um jogo similar, o Choking Game.
"Sentimos muito pela trágica perda desta família (em relação ao caso ocorrido na Argentina). A segurança da nossa comunidade é prioridade e levamos muito a sério qualquer ocorrência sobre um desafio perigoso. Conteúdos dessa natureza são proibidos em nossa plataforma e serão removidos caso sejam encontrados", disse a empresa ao Estadão.
O psiquiatra Wimer Bottura, presidente do comitê de adolescência da Associação Paulista de Medicina, diz que um dos motivadores que podem estar levando as crianças a repetir o desafio que incita o sufocamento é o prazer. "A hipóxia, como chamamos a falta de oxigenação no cérebro, leva a uma euforia, uma sensação de prazer muito grande na pessoa", afirma.
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O especialista alerta, porém, que é comum que crianças se interessem por desafios de maneira geral. "A curiosidade é um motor importante para a vida. Ela leva a desafios, experiências e ao crescimento do repertório da pessoa", diz o psiquiatra.
Por outro lado, "como repertório de informações da criança ainda é muito baixo, a intensidade da curiosidade dela tende a ser maior que a de um adulto", o que as tornam mais vulneráveis a manipulações e riscos.
Para Bottura, o caminho para evitar esse tipo de acidente é desenvolvendo o senso crítico da criança para que ela mesma se proteja desse tipo de armadilha.
Leia a matéria completa em: Desafio do apagão no TikTok abre debate sobre riscos para adolescentes