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Entretenimento e Cultura

História de superação abre Festival de Paulínia

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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São Paulo - Aberturas de festivais são chatas, de maneira geral. Mas esta, a da 6ª edição do Festival de Paulínia, foi especial, digna de fazer história neste sentido porque foi marcada por intermináveis discursos de políticos e autoridades. Deixemos isso para lá. Já nos chatearam o suficiente. O fato é que a exibição do filme de abertura (fora de concurso) começou depois das 22h30, com uma plateia já exausta pela overdose discursiva. Mas pode-se dizer que, apesar do esgotamento, Não Pare na Pista - A Melhor História de Paulo Coelho, de Daniel Augusto, foi bem recebido pelo público que ficou para vê-lo no suntuoso Theatro Municipal de Paulínia (1.300 lugares).

E, de fato, essa cinebiografia de Paulo Coelho tem suas qualidades, embora não deixe de exibir também suas limitações. Ocupa-se da juventude e da maturidade do autor de O Diário de Um Mago e O Alquimista, que, goste-se ou não, é um dos maiores best-sellers mundiais e, por consequência, um dos brasileiros mais conhecidos internacionalmente. Esse fato só não vê quem não quer. Que disso se deduza automaticamente a qualidade da sua literatura é outra história. História, aliás, que o filme não se propõe contar.

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Quem define bem a proposta do projeto é a roteirista Carolina Kotscho. "O eixo de gravidade é a vida de alguém que tentou uma e outra vez ser escritor e, mesmo diante das dificuldades, não se deixou abater e persistiu até conseguir o que queria." Uma história de superação, portanto, bem na linha autoajuda, na qual, de certa forma, a literatura de Coelho se inscreve. Com um adicional de misticismo e magia, claro.

Na trama, Paulo Coelho de Souza (vivido na adolescência por Ravel Andrade e na mocidade e maturidade por seu irmão, Julio Andrade), é alguém que deseja ardentemente ser escritor. Ninguém acredita nele, a começar pelo pai, Pedro (Enrique Diaz), que aspira a uma carreira estável para o filho. O conflito pai-filho será um dos polos interessantes da narrativa.

Paulo Coelho é de uma época em que rolavam drogas, sexo e rock’n’roll. E tudo isso está no filme, a começar por suas internações psiquiátricas (num tempo em que se internava o sujeito por qualquer desvio), baladas, doideiras, mulheres, e a aproximação com um certo roqueiro chamado Raul Seixas. Parceria e ruptura também estão lá, dos sucessos como Sociedade Alternativa e Gita, que provocou o estranhamento entre os amigos quando Seixas, no Fantástico, citou a música dizendo que era apenas dele. Até aí o filme funciona, embalado pela música, pela boa atuação do elenco (Ravel é uma revelação, Julio e Enrique vão muito bem) e por uma reconstituição legal de época. Meio fechada em poucos cenário, mas convincente.

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Fica menos interessante nas cenas do Paulo Coelho sessentão, na Europa, ou suas deambulações pelo Caminho de Santiago de Compostela. Aí, então, a estética pende para o cartão-postal, apesar da relação entre Brasil e Espanha ser orgânica na biografia do autor, que fez o caminho e nele encontrou inspiração para seus primeiros livros de sucesso. É que não basta certas passagens serem biograficamente justificáveis, mas precisam ser críveis e intensas em termos da dramaturgia.

Sente-se falta, também, de maior ousadia formal na narrativa. Mas é uma opção do diretor e, talvez, também da produção. Não Pare na Pista vai ser lançado pela Sony no dia 14 de agosto, com cerca de 300 cópias. Não chega a ser lançamento de arrasa-quarteirão, mas é considerável. Tem outra coisa, como diz o próprio diretor Daniel Augusto: "Quis mesmo fazer um filme para dialogar com o grande público". E o tal grande público, sabe-se, anda cada vez mais arredio a desvios da narrativa tradicional (nem falo em experimentação) ou outras ousadias. Segue a trilha do "mais do mesmo", o que acaba inibindo a criatividade, ainda mais quando há dinheiro em jogo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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