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Entretenimento e Cultura

Livros exploram vida movimentada do influente bruxo Aleister Crowley

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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A vida de Aleister Crowley (1875-1947), o ocultista e escritor inglês, influente sobre nomes fundamentais da cultura pop do século 20, é agora recontada na biografia em quadrinhos Aleister Crowley, de Martin Hayes e RH Stewart, publicada pela Veneta em parceria com o selo Chave. Ao mesmo tempo, a parceria coloca nas livrarias uma nova edição de O Livro da Lei, espécie de manual profético da filosofia de Crowley, que estabelece seu famoso princípio: "Faze o que tu queres há de ser o todo da Lei".

O célebre mago teve uma vida de contornos épicos: viajou o mundo e explorou terras exóticas da China ao México, teve relações mais ou menos conturbadas com W.B. Yeats, Somerset Maugham, Fernando Pessoa e Auguste Rodin, foi poeta e ensaísta, alpinista de excursões ao Himalaia, ocultista praticante e líder de sociedades secretas, profeta, famoso experimentador de drogas e criador de dramas sexuais célebres - não por acaso, favorito dos tabloides ingleses da época.

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Para o escritor e especialista em ocultismo Richard Kaczynski, "a história em quadrinhos é talvez o único meio que pode fazer justiça a essa jornada fantástica".

"Uma diferença marcante que separa os quadrinhos de qualquer outro meio é que, enquanto estes são vistos sequencialmente, uma composição de página em quadrinhos deve ser absorvida de uma vez só", explica o artista britânico RH Stewart, autor dos desenhos. "A interação espacial entre sequencial e simultâneo dá ao quadrinho uma hierarquia dupla, como de um rizoma rasteiro, mas que também pode ser visto como uma única imagem, como uma grande árvore parasita. Esse mundo é impossível de reproduzir em qualquer outro meio."

Embora algumas páginas do livro obedeçam ao esquema sequencial tradicional, muitas de fato aparecem apenas com desenhos, sem separações.

Com o rótulo de "ficção baseada em fatos reais", o livro apresenta Crowley contando sua história para um escritor fictício que lhe procura no fim da vida. Entre os diversos episódios explorados no livro, estão a briga que Crowley teve com Yeats sobre uma de suas sociedades secretas; de quando ele entra na Grande Pirâmide do Egito e faz um ritual sexual para impressionar a noiva; ou quando, tempos mais tarde, ele envolve um cabrito em outro ritual, embora essa história específica seja, mais do que muitas outras, deveras obscura.

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A influência das histórias e dos escritos de Crowley é enorme no campo do ocultismo ocidental, mas também na cultura pop, especialmente a britânica. Diversos escritores o transformaram em personagem, como John Buchan e Dennis Whatley e, curiosamente, no Brasil, Joca Reiners Terron também usou Crowley como personagem no seu primeiro livro, Não Há Nada Lá (2001). "Eu conhecia e admirava o episódio do encontro dele com Fernando Pessoa em Cascais (na época, Crowley era uma celebridade, e Pessoa um zé-ninguém que surpreendeu o mago com um mapa astral enviado por carta)", relembra o escritor.

Mas a principal influência do bruxo na cultura brasileira foi na formação da Sociedade Alternativa, a utopia de Paulo Coelho e Raul Seixas. A música de mesmo nome de 74 cita nominalmente o "mandamento" de Crowley: "Faça o que tu queres pois é tudo da lei". Numa entrevista recente ao jornal O Estado de S. Paulo, Coelho diz se lembrar da época como um período difícil, que lhe traz más lembranças.

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Jorge Mautner, por exemplo, também não tem Crowley na mais alta conta. "O Crowley era nazista", diz o músico num papo por telefone. "Raul Seixas e Paulo Coelho fazem o contrário do nazismo na sociedade alternativa, esse é mais um milagre da brasilificação." Questionado se O Demiurgo, seu filme de 1970, tem alguma influência de Crowley, ele nega. "Não, é Kaos Total. Não tem nada. É o rebotalho de mistura. O nacional-socialismo é uma religião. É tudo baseado na emoção do culto aos que morreram. O Führer dizia: as leis acabaram, é preciso interpretar o desejo do Führer. Já havia simultaneidades. Isso tudo era um teatro. Crowley era um proto-nazista por isso."

ALEISTER CROWLEY

Autores: Martin Hayes e RH Stewart

Trad.: Marina Della Valle

Editora: Veneta / Chave (160 p., R$ 59,90)

O LIVRO DA LEI

Autor: Aleister Crowley

Trad.: Marina Della Valle

Ed.: Veneta / Chave (208 p., R$ 49,90)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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