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Entretenimento e Cultura

Cannes: 'Dogman', western urbano de Garrone

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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São as últimas sessões do 71º Festival de Cannes e, para dizer a verdade, esta sexta, 18, estará muito movimentada, com a apresentação de nada menos de três filmes concorrentes - Ayka, do cineasta do Casaquistão Sergey Dvortsevoy; Un Couteau Dans le Coeur, Uma Faca no Coração, do francês Yann Gonzalez; e The Wild Pear Tree, A Árvore das Peras Selvagens, do turco Nuri Bilge Ceylan. A quinta foi marcada por dois filmes que dificilmente deixarão de estar entre os premiados no sábado, 19, à noite - o italiano Dogman, de Matteo Garrone, e o libanês Capharnaüm, de Nadine Labaki.

Garrone é um habitué do festival, há dez anos, havia um monte de gente apostando que ele ganharia a Palma de Ouro por Gomorra. Garrone continuou vindo ao festival com Reality e Tale of Tales. Ei-lo de volta mais uma vez, e com um filme que marca seu retorno ao realismo social de Gomorra. A história de Dogman, de alguma forma definida como "western urbano", passa-se na periferia de uma cidade italiana que não é identificada, alguma coisa entre a metrópole e a natureza selvagem. Marcello é o protagonista, um dog sitter que leva uma vida meio apagada, dedicada aos cães e à filha. Mas surge Simoncino, que exerce uma influência brutal sobre ele. Por causa de Simoncino, Marcello perderá a estima da comunidade, será preso. Seu desejo é a vingança, mas como?

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Existem formas, e para combater um monstro Marcello terá de adotar métodos monstruosos. Pode ser que um filme tão masculino assuste um júri tão predominantemente feminino quanto o de Cate Blanchett, mas pelo menos o ator Marcello Fonte teria de ser reconhecido. É excepcional.

O outro destaque da quinta leva jeito de agradar mais ao júri. Capharnaüm é dirigido por uma mulher, a bela Nadine, que parte de uma proposição polêmica para criticar a violência urbana contra crianças. O filme conta a história de um garoto, Zein, que leva os pais ao tribunal. A acusação - terem lhe dado nascença, e abandonado. O menino, Zain Alrafeea, é tão excepcional quanto Marcello Fonte. Mas é pouco provável que o júri prefira premiar uma criança. A pergunta que não quer calar - em 2014, Nadine realizou no Brasil um dos episódios de Rio, Eu Te Amo, justamente o que abordava a infância abandonada da Cidade Maravilhosa. Até que ponto aquele filme alimentou a experiência do atual? No material distribuído à imprensa, a produção informa que a diretora completou centenas de horas, trabalhando na base da improvisação. Tudo isso pode ser muit0 interessante para o júri de Cate Blanchett, mas daí a apostar numa Palma de Ouro? Mais provável é que o Líbano, que já esteve no Oscar deste ano com O Insulto, volte no ano que vem com Capharnaüm.

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Há um culto a Whitney Houston, considerada uma das maiores e melhores cantoras de todos os tempos. Whitney morreu há seis anos, em 2012, e até hoje são dela os recordes de vendas de singles em toda a história da música. Era bela, talentosa, mas foi derrotada por seus demônios internos. Kevin Macdonald resolveu iluminar essa trajetória trágica em Whitney. O filme sustenta que ela foi abusada sexualmente na infância, e por gente da família. Nunca superou o trauma. A barra é pesada. O repórter mal teve tempo de sair da sessão de Whitney e já estava caindo em outro documentário. Cannes Classics resgatou La Hora de Los Hornos, apresentando a primeira parte - Neocolonialismo e Violência - do filme militante de Fernando ‘Pino’ Solanas, que esteve presente à sessão e viveu uma daqueles momentos de triunfo, de aplausos retumbantes, que fazem diferença na apreciação da vida de um artista.

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La Hora de los Hornos incorporas cenas de outros dois clássicos documentários - Tire Dié, de Fernando Birri, e Maioria Absoluta, de Leon Hirszman. A tese é muito próxima à do livro de Eduardo Galeano, As Veias Abertas da America Latina. Era uma época de ardor revolucionário, e a luta é representada pelas escolhas de vida e morte do mítico Che Guevara. O final é (quase) insustentável - longos minutos em que a tela é ocupada pelo cadáver do Che, com seus olhos abertos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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