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Entretenimento e Cultura

Teatro São Pedro homenageia o compositor Gluck

Redação Folha Vitória
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São Paulo - "Poética e emocionante." Assim o maestro Alessandro Sangiorgi define a música de Gluck para Ifigênia em Táuris, ópera que ganha montagem a partir desta sexta-feira, 23, no Teatro São Pedro, para homenagear os 300 anos de nascimento do compositor. A obra é baseada na tragédia de Eurípides e narra a história de Ifigênia, salva pela deusa Diana e levada a Táuris quando seu pai, Agamenon, resolve oferecê-la aos deuses em sacrifício. A direção cênica será de Gustavo Tambascio, cuja preocupação foi "permitir que a história fosse contada".

Com exceção de Orfeu e Eurídice, óperas de Gluck são raras nas temporadas brasileiras - o que vale também para as demais obras do início do período clássico ou do barroco. É, ainda assim, um universo importante no contexto da história da ópera. "A importância de Gluck para a história da ópera é caracterizada pela reforma do melodrama, cujos elementos são conhecidos: tem a ver tanto com a estrutura da ópera, quanto com tratamento vocal e da orquestra", diz Sangiorgi.

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O maestro relaciona algumas das novidades trazidas por Gluck, como a atenuação da diferença entre árias e recitativos (agora acompanhados); a ampliação do papel do coro, evocando a influência da tragédia grega; a presença de uma sinfonia inicial, "para introduzir o público no clima da ópera". "Mas o aspecto mais revolucionário diz respeito ao relacionamento entre palavras e música, com o qual Gluck e o libretista Ranieri de Calzabigi abriram o caminho para mais transformações radicais futuras: a música a serviço da poesia; texto e música passaram a ter um papel complementar, mas sempre a segunda servindo ao primeiro. A música era convidada a ser mais descritiva em cada momento dramatúrgico, os próprios instrumentos da orquestra viraram parte ativa e não mais pano de fundo, utilizando os timbres com função dramática."

Falando especificamente de passagens marcantes de Ifigênia em Táuris, Sangiorgi evoca a descrição das cenas feitas pelo compositor francês Hector Berlioz, grande admirador de Gluck. "O coro das Furias, de infernal grandiosidade, o recitativo obbligato de Orestes bravo, a ária de Pílades suplicante, a grande ária de Ifigênia, tudo isso é maravilhoso pela paixão da melodia, pela força do pensamento; não se sabe se o efeito resulta da poesia ou da ação, da pantomima ou da música, tanto que esta última é intimamente ligada à pantomima, à poesia, à ação..."

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Este não será o primeiro trabalho do diretor argentino Gustavo Tambascio no Brasil - em 2012, dirigiu Lulu, de Alban Berg, no Festival Amazonas, produção com a qual ganhou os principais prêmios da ópera brasileira. Na ocasião, transportou a história para paisagens do País, fazendo referência tanto à paisagem urbana carioca quanto à proximidade de Manaus com a floresta. Agora, às voltas com a obra de Gluck, ele explica que busca fidelidade à época do compositor, ao mesmo tempo em que aproxima a trama de nosso tempo.

"Para a criação do cenário, senti que era importante entrar no templo de Gluck. A música dele é como um recinto sagrado: dramática e espiritual, e com muita simplicidade ao mesmo tempo", diz. "Minha preocupação foi permitir que a história fosse contada. A maior parte das coisas acontece na cabeça e no espírito dos personagens, e não na carne. Percebi que tinha que dar espaço para a transmissão dessas emoções, sofrimentos e fantasmas presentes na história."

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O diretor explica que sua concepção se baseia em dois planos distintos. O primeiro será "asséptico e essencial". "Apesar das questões atemporais, ele está localizado em alguma época do século 20, para aproximar os conflitos do público. O espaço é frio, com poucos elementos e metais corroídos pelo mar. Aqui, o objetivo é dar a ideia de que os humanos são prisioneiros, estão reduzidos ali. Já o segundo, "ao fundo do cenário, mostra história de Ifigênia, Orestes e Pílades ainda jovens, antes da tragédia familiar lhes assombrar". "Funciona como um plano da memória, importantíssimo na tragédia grega (frequentemente no papel do coro). Às vezes, também evidencia a falsa memória, pois mostra, por exemplo, como Ifigênia imagina que as coisas aconteceram", ressalta ainda.

A produção conta, no elenco, com dois destacados cantores argentinos: a soprano Monica Ferracani, que interpreta Ifigênia, e o barítono Luciano Garay, que faz o papel de seu irmão Orestes. O baixo-barítono brasileiro Lício Bruno será Thoas, rei de Táuris, e a meio-soprano Luciana Bueno vai interpretar Diana. O tenor Flávio Leite volta ao palco do São Pedro como Pílades. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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