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Entretenimento e Cultura

Caio Blat brilha em dois filmes, um é o ótimo 'Ponte Aérea'

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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São Paulo - Caio Blat mal saiu do ar como José Pedro, o filho preferido de Maria Marta/Lília Cabral na novela Império - e que se revelou o vilão Fabrício Melgaço da trama de Aguinaldo Silva -, e já está nos cinemas como protagonista de Meus Dois Amores, de Luiz Henrique Rios, pelo qual tem o maior carinho. Na próxima quinta, 26, tem mais Caio Blat e ele amplia seu circuito com o belo Ponte Aérea, de Júlia Rezende, que, mesmo sendo lançado em muito mais salas do que Meus Dois Amores, não terá todo o espaço que suas grandes qualidades merecem. É muito Caio Blat? Não se preocupe, ele dá conta. E é modesto. Numa visita ao set de Ponte Aérea, Caio já havia cantado a bola para o repórter - "Não te falei? O filme é dela (refere-se a Letícia Colin, que coestrela Ponte Aérea). Essa garota é sensacional."

É muita exposição, mas Caio promete parar - um pouco. Para tomar fôlego, repensar a vida. A experiência da novela foi intensa. "Maria (Ribeiro, sua mulher) e eu estávamos fora da Globo e voltamos fazendo um casal, o que foi muito bacana. Mas os personagens se separaram, cada um seguiu sua história e aí as coisas ficaram mais interessantes ainda." Parte da mídia forçou a barra e tentou transformar a separação do casal na ficção em algo real. "Começaram a circular as histórias da separação, a gente desmentiu, os sites continuaram insistindo. Não íamos bater boca. Resolvemos ignorar."

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Mas não tem separação, mesmo? "Não, cara, a gente tá bem." Se houvesse, o timing seria no mínimo inapropriado. Maria Ribeiro acaba de publicar um livro (Trinta e Oito e Meio), que dedica ao marido, e no qual declara seu grande amor por ele. O repórter brinca - "Devia ter segurado o livro, então, né?" O livro é ótimo, bem escrito, permeado de observações humanas - e críticas, e comportamentais, e artísticas - relevantes. Nada de autoajuda, coisa boa de verdade. Caio alegra-se. "Eu também adorei. Gostaria de fazer uma viagem com ela, mas não dá para pensar em nada grande. Maria tem o programa de TV, a gente tem os meninos."

A entrevista foi feita no começo da semana. Caio ainda se recuperava da loucura que foi o final de Império. "Cara, foi muito engraçado, surreal. Quando circulou que um de nós seria o vilão, todo o elenco entrou numa de paranoia, fazendo caras e bocas, lançando olhares dúbios, para levantar suspeita. Eu dava minha bandeira quando o diretor chegou e me disse - ‘Agora, chega. Você é o cara. Segura a onda para não dar de bandeja.’ Tomei um susto, porque nada me preparava para aquilo. Não sei nem como gravei aquelas cenas finais."

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Foram 20 horas na locação, as equipes de cinegrafistas se revezando no set e Caio, Alexandre Nero (o Comendador) e Othon Bastos (o mordomo) sendo levados ao limite do estresse do cansaço. "Era um texto muito louco. De repente, eu enlouquecia e ficava dizendo aquelas coisas. ‘Eu sou o sol, o universo se curva perante mim.’ Não sei de onde o Aguinaldo (Silva) tira essas coisas, mas como exercício foi muito forte e eu ainda estava ali com meu mestre, o Othon (Bastos). Othon foi meu pai, em meu primeiro trabalho. Tenho a maior admiração por ele." Caio avalia o impacto de Império para ele. "Foi muito bacana para nós (a mulher e ele). A emissora aprovou, voltamos em alto estilo."

Sobre os filmes, ele se enternece. Meus Dois Amores foi feito há coisa de três anos. "É uma adaptação de Guimarães Rosa, e eu amo esse universo. Sempre adorei Mazzaropi, Pedro Malasartes. Claro que não é a mesma coisa. Guimarães é um gênio, mas eu acho que existem momentos do filme em que ele está lá." Elogia o diretor. "Luiz Henrique (Rios) foi muito esperto. Fez o filme, achou que havia ficado pobre, televisivo. E deu carta branca ao montador para buscar o cinema ali dentro. Tenho ótima lembrança da filmagem. Me amarrei na mula, queria que fosse minha. E foi uma experiência única. Consegui levar os meninos, o Bento e o João, para ver um filme meu. Em geral, tem sexo, violência, drogas. Aqui, não. Cada um sentado num joelho, eles curtiram, o que me deixou muito contente."

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Três anos para chegar aos cinemas. E Meus Dois Amores tem sorte. Outro Guimarães Rosa - o admirável A Hora e a Vez de Augusto Matraga, de Vinicius Coimbra, que venceu o Festival do Rio também há três anos -, até agora não estreou. E tem grandes nomes, tem Globo. O que ocorre com o cinema brasileiro? O que ocorre de verdade? Ponte Aérea, que você poderá ver a partir de quinta-feira, é muito melhor do que o trailer. Inclusive, o trailer não vende adequadamente o filme. Um filme geracional da diretora, inspirado pelas ideias do sociólogo polonês Zygmunt Bauman sobre o conceito do ‘amor líquido’. Um filme sobre a fragilidade dos laços humanos no mundo atual.

Poderia ser um filme sobre a geração atual, para os jovens de hoje. Vai interessar a todos. "Júlia (Rezende) conseguiu falar de amor de forma universal, o que pode atrair o público de todas as idades."O repórter cita Todas as Mulheres do Mundo, de Domingos Oliveira. Ponte Aérea é o Todas as Mulheres de 2015, quase 50 anos depois do original. "É, tem essa pegada do Domingos, do Woody Allen", entusiasma-se Caio. Domingos mora em seu coração. Maria Ribeiro dedicou-lhe um documentário. E Caio, agora, após a paradinha, vai codirigir com Domingos. O famoso filme autobiográfico sobre o cafofo, o apartamento de Domingos em Copacabana. Lá, ocorreram grandes festas. Acordavam 20 pessoas no dia seguinte. Lá Domingos amou Leila Diniz. "Ele me chamou para fazer seu papel quando jovem, e para codirigir. Estou superfeliz."

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