Dessalinização da água: do mar para a indústria
Projeto inédito no Estado vai permitir a produção inicial de até 500m³/h de água industrial, reduzirá o consumo do Rio Santa Maria da Vitória e aumentará a segurança hídrica capixaba.
Até o final deste ano, devem começar as obras de implantação de um projeto pioneiro no Espírito Santo e que promete contribuir para uma maior segurança hídrica capixaba.
A iniciativa é da ArcelorMittal Tubarão e prevê a construção de um sistema de dessalinização da água do mar na usina, em Serra, com capacidade para produzir até 500m³/h de água industrial para uso nos seus processos operacionais.
Além de reduzir a demanda de água do Rio Santa Maria da Vitória, um dos principais mananciais que abastece, hoje, parte dos municípios da Grande Vitória, a fonte alternativa de água garantirá maior segurança para a própria empresa, diante de eventuais cenários de escassez hídrica no futuro. De acordo com o Gerente Geral de Sustentabilidade e Relações Institucionais, João Bosco Reis da Silva, o projeto despontará não só a ArcelorMittal Tubarão, mas o Estado do Espírito Santo em posição de vanguarda na área de gestão hídrica no país.
A planta, segundo ele, será compacta e moderna. “Trata-se de um modelo modular, que permite expansões. Se no futuro quisermos ampliar a produção, que inicialmente será de até 500m³/h de água industrial, poderemos fazer isso inserindo novos módulos”, explicou.
Estrategicamente concebido para atender às características da empresa, que é uma produtora de aço integrada de grande porte, o projeto tem diferenciais em relação a outras plantas, e não gerará impactos ambientais significativos. Além disso, toda a energia elétrica a ser utilizada no sistema (cerca de 3MW) será produzida pela própria usina, que é autossuficiente, e representa menos de 1% da geração total de energia.
PROJETO INOVADOR
Embora o problema da escassez tenha se agravado nos últimos anos, já faz um tempo que a ArcelorMittal Tubarão vem direcionando projetos e investimentos na busca de soluções de médio e longo prazos para esta questão. “Dentro do nosso plano estratégico e olhar de futuro, temos buscado continuamente novas formas de reduzir ao máximo o consumo compartilhado de fontes de recursos naturais com a sociedade nas nossas operações”, afirmou.
Para João Bosco, outro importante benefício do projeto será o de dar oportunidade ao Espírito Santo de aprender mais sobre esse tipo de tecnologia. “Desenvolveremos parcerias com várias instituições do meio acadêmico, que poderão vir a conhecer e estudar o funcionamento e operação deste tipo de sistema. O projeto também poderá fomentar o desenvolvimento de mão de obra capixaba especializada nesta área, que é totalmente inovadora”, comenta.
O sistema de dessalinização a ser implantado na ArcelorMittal Tubarão prevê captação da água do mar e sua transformação em água industrial por meio do processo de osmose reversa, tecnologia consagrada e aplicada em países como Israel, Espanha, Austrália, Argentina e Estados Unidos. A solução de sal em água resultante do processo de dessalinização, a chamada salmoura, será devolvida ao mar por um canal de retorno já existente na usina.
A expectativa é de que, sendo iniciadas neste ano, as obras sejam concluídas até 2021. Elas demandarão, no período de pico, a criação de pelo menos 220 postos de trabalho.
O investimento total no projeto é da ordem de R$ 50 milhões. “Trata-se de um investimento bastante alto, mas entendemos que ficar sem água pode ser ainda mais oneroso para a empresa”, explica.
Segundo ele, o processo de licenciamento ambiental para a obra já foi iniciado junto ao Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), estando dentro do cronograma previsto.
GESTÃO HÍDRICA
Considerada referência em gestão hídrica no Espírito Santo, a ArcelorMittal Tubarão conta com um sistema que permite que cerca de 96,5% da água utilizada pela unidade sejam captadas do mar. Os 3,5% restantes são fornecidos pela Cesan, mas a tendência é que esse percentual se reduza cada vez mais.
A empresa também tem desenvolvido uma série de iniciativas alinhadas à estratégia governamental e o Plano Estadual de Recursos Hídricos: iniciou a operação de quatro novos poços de águas subterrâneas; e ampliou o aproveitamento da água proveniente da Estação de Tratamento de Água de Reúso interna.
Também está realizando um Projeto de Recuperação de Nascentes da Bacia do Santa Maria da Vitória, em parceria com o Comitê de Bacia do Santa Maria da Vitória, Incaper, Seama, Ministério Público Estadual e da Região de Santa Leopoldina, e Prefeitura de Santa Leopoldina. O projeto busca estudar as melhores técnicas de recuperação de nascentes e realizar o cercamento de 55 nascentes na região de Crubixá, em Santa Leopoldina.
ARCELORMITTAL TUBARÃO
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