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Economia

Vale inaugura no ES 1ª usina de briquetes de minério de ferro do mundo

A mineradora inaugurou a primeira planta de briquete de minério de ferro do mundo, em Vitória, nesta terça-feira (12)

Ana Paula Brito Vieira

Redação Folha Vitória
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Foto: Divulgação/Vale
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A Vale inaugurou a primeira usina de briquete de minério de ferro do mundo, na Unidade Tubarão, em Vitória, nesta terça-feira (12). Resultado de quase 20 anos de pesquisas em laboratórios, os briquetes de minério de ferro têm o potencial de revolucionar a siderurgia. Mas por que ele é uma das apostas para uma mineração mais sustentável? 

Isso acontece, pois a produção do briquete gera menos emissões porque exige temperaturas mais baixas. Ele é uma mistura de minério de ferro com uma solução de aglomerantes que mantém as partículas unidas e conferem resistência ao produto, sendo um dos ingredientes usados para fabricar o aço.

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Ao usar o briquete de minério de ferro, é possível reduzir em até 10% as emissões de gás carbônico, além de não usar água em sua fabricação. O aglomerante usado na produção pode ser feito com areia de rejuntes de minério.

Foto: Divulgação/Vale
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No futuro, segundo o diretor-presidente da Vale Eduardo Bartolomeo, ainda poderá ser possível a produção de aço com zero emissão de gases, quando o hidrogênio verde estiver disponível.

“Estamos oferecendo um produto que apoiará nossos clientes, os fabricantes de aço, a se adequarem às metas de redução de emissões que estão sendo adotadas por governos em todo o mundo, contribuindo para o combate à mudança climática”, explica.

"Não é a toa que essa primeira planta fica no Espírito Santo. Afinal, foi aqui em Tubarão, em 1969, que a Vale inaugurou sua primeira usina de pelotização, com um produto inovador, que permitiu a aglomeração e reutilização dos finos de minério. Essa é a mesma planta que adaptamos para a produção de briquetes de minério de ferro que hoje coloca o Espírito Santo na vanguarda da descarbonização do mundo", disse o diretor-presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo.
Foto: Mosaico Imagem

Além disso, Bartolomeo afirma que a Vale está induzindo a neoindustrialização no Brasil, que será baseada na indústria de baixo carbono. Segundo ele, só terá valor se for baixa e inclusiva.

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Lembrando que o briquete está incluído na estratégia da Vale de reduzir em 15% as emissões de escopo 3, relativas à cadeia de valor, até 2035.

Além disso, a Vale também busca reduzir suas emissões líquidas de carbono diretas e indiretas (escopos 1 e 2) em 33% até 2030, como primeiro passo para zerar suas emissões líquidas até 2050.

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A cerimônia de início da produção da usina, nesta terça-feira, contou com a presença de empresários e autoridades, como o governador do Estado Renato Casagrande.

O vice-governador e secretário de Desenvolvimento do Espírito Santo, Ricardo Ferraço, também esteve presente na inauguração da usina. "Essa inauguração nos faz refletir sobre um projeto de desenvolvimento que nós queremos pro Espírito Santo e que nós precisamos continuar perseguindo", discursou.

Foto: Mosaico Imagem

Segundo Ferraço, a orientação do governador do Estado não é o desenvolvimento a qualquer custo. "O que vale é o desenvolvimento que traz associado os princípios e valores que consideram o tema da emergência climática", contou.

Para continuar evoluindo, o secretário também aproveitou a oportunidade e anunciou a etapa final de mais uma cooperação com a Vale para a reutilização da água na indústria, sem competição com os moradores.

"Com essa estação de reuso que estamos colocando de pé, em parceria com a Cesan, acreditamos que pegando a estação de Manguinhos e fazendo uma reconfiguração dela, usando no processo industrial, o processo de água de esgoto, não vamos precisar utilizar água nova no processo industrial da Vale", contou Ricardo Ferraço.

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O governador Renato Casagrande também reforçou a parceria. "Nós vamos assinar nos próximos dias, um memorando, uma parceria com a Vale para poder fazer o reuso de água da estação de tratamento de esgoto de Manguinhos, que vai entrar em funcionamento nos próximos meses, semelhante a que fizemos com a ArcelorMittal", disse.

Foto: Mosaico Imagem

Casagrande explicou o motivo da usina de briquete ser um passo importante, assim como o Plano de Neutralidade Carbônica, conhecido como plano de descarbonização, apresentado na COP 28. 

"O nosso plano estabelece que até 2030, [aconteça] 27% de redução das emissões de carbono comparado com 2021. Em 2040, 50% das emissões e 2050, 100% da compensação das emissões", contou.

O governador ainda afirmou que o perfil de emissão de gases do Espírito Santo é diferente do resto do País.

"Para nós tem um desafio diferente. O nosso plano vai ser monitorado e acompanhado para poder chegar aos resultados que precisamos chegar, nas metas que nós estabelecemos, como metas negociadas com a Federação da Indústria, Federação do Transporte e Federação da Agricultura", explicou.

"É um plano da sociedade capixaba e exige atitudes como essa, exige que possa pensar em inovação para poder chegar em resultados como esse", finalizou o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande.

2ª usina de briquete de minério de ferro chega ao ES ainda em 2024

Foto: Divulgação/Vale
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Os testes com carga na primeira planta de briquete começaram em agosto e apresentaram bons resultados, o que possibilitou o início da operação da primeira usina ainda em 2023.

"Hoje é um dia histórico da Vale, que certamente um marco para a mineração, para a siderurgia e para a jornada global da descarbonização. Estamos oficializando do início da operação da primeira planta de briquetes de minério de ferro do mundo", disse Eduardo Bartolomeo.

Contudo, está não será a única. Uma segunda planta na unidade de Tubarão, em Vitória, tem inauguração prevista para o início do próximo ano. 

Juntas, as duas usinas terão capacidade de produzir 6 milhões de toneladas por ano – resultado de um investimento de R$ 1,2 bilhão e que gerou 2.300 empregos no pico das obras.

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Em 2024, as duas plantas de Tubarão irão produzir cerca de 2,5 milhões de toneladas. A produção crescerá gradativamente até atingir os 6 milhões de toneladas por ano. "Nossa expectativa é, após 2030, produzir 100 milhões de toneladas por ano de briquetes e pelotas", contou Bartolomeo.

Segundo Marcello Spinelli, vice-presidente executivo de Soluções de Minério de Ferro, o interesse demonstrado pelos clientes os deixou confiantes de que o briquete veio para revolucionar a produção de aço.

"A descarbonização da siderurgia se dará em etapas. Na primeira, nossos clientes estão buscando formas de aumentar a eficiência operacional na rota de alto-forno, reduzindo o gasto de energia e, consequentemente, diminuindo emissões de CO2. Nesse estágio, o briquete já faz diferença", contou.
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"E na etapa final, quando o hidrogênio verde estiver disponível, o briquete contribuirá para a produção de aço de zero emissão, o que será feito por meio da rota de redução direta, considerada mais ‘limpa’ que a do alto-forno", explicou Spinelli.

Brasil inova com briquete de minério de ferro

O briquete é produzido a partir da aglomeração a baixas temperaturas de minério de ferro de alta qualidade utilizando uma solução tecnológica de aglomerantes, que confere elevada resistência mecânica ao produto final. 

Anunciado pela Vale em 2021, o produto emite menos particulados e gases como dióxido de enxofre (SOX) e o óxido de nitrogênio (NOX) quando comparado aos processos tradicionais de aglomeração, além de dispensar o uso da água em sua fabricação.

O desenvolvimento do briquete teve início no Centro de Tecnologia de Ferrosos (CTF) da Vale, em Nova Lima (MG), há cerca de 20 anos.

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A ideia de aglomerar minério de ferro por meio da briquetagem não era nova, mas os pesquisadores tinham dificuldade de garantir que o produto mantivesse a integridade no alto-forno. 

A Vale desenvolveu uma solução de aglomerantes que resolveu esse problema. Foram realizados testes em laboratório, depois em fornos de pequena escala e finalmente os testes industriais no alto-forno, que comprovaram a performance e valor do produto.

No momento, a Vale está desenvolvendo a versão do briquete para a rota de redução direta. Testes experimentais foram realizados com sucesso e a empresa já iniciou o primeiro teste industrial, em um reator na América do Norte.

O briquete e o caminho para o aço verde

Foto: Ana Paula Brito Vieira/Folha Vitória

A produção de aço mundial se dá, principalmente, por duas rotas: rota de alto-forno e rota de redução direta.

O processo via alto-forno é amplamente utilizado pelas siderúrgicas ao redor do mundo, porém altamente intensivo em emissões devido à utilização de coque (produzido a partir do carvão mineral) como principal insumo.

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Nessa rota, o uso do briquete pode substituir a sinterização, etapa onde ocorre a aglomeração do minério de ferro, permitindo potencial redução das emissões de GEE dos clientes em até 10%.

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Já para a produção de aço via rota de redução direta é utilizado o gás natural como alternativa ao coque.

Nesse processo, briquetes e também pelotas são utilizados para produção de HBI (hot-briquetted iron ou ferro-esponja) – produto intermediário entre o minério de ferro e o aço –, que por sua vez é colocado em um forno elétrico para produção de aço com menor emissão do que a rota tradicional via alto-forno.

Fornos de redução direta são utilizados em regiões com abundância de gás natural a preços competitivos, como é o caso do Oriente Médio. 

No ano passado, a Vale fechou acordos com Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Omã para a criação de Mega Hubs, complexos industriais destinados à produção de HBI, inicialmente tendo o gás natural como fonte de energia.

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No futuro, com a utilização de hidrogênio verde no lugar do gás, o HBI pode viabilizar a produção de aço verde, com zero emissão de GEE.

Além disso, também houve a assinatura de duas parcerias para estudos de viabilidade de Mega Hubs no Brasil e nos Estados Unidos.

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