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Economia

'A Embrapa tem de estar mais perto do produtor', diz presidente da instituição

Até então, Moretti ocupava interinamente a presidência da Embrapa, após a saída de Sebastião Barbosa, que havia sido indicado pelo ex-presidente Michel Temer

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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Foto: Divulgação
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 O pesquisador Celso Moretti, confirmado na última sexta-feira (20) na presidência da Embrapa, diz que a prioridade agora é dar sequência ao processo de mudança da empresa, com a descentralização de ações hoje concentradas na sede, em Brasília; a revisão do número de cargos comissionados e aproximação com o setor privado.

Até então, Moretti ocupava interinamente a presidência da Embrapa, após a saída de Sebastião Barbosa, que havia sido indicado pelo ex-presidente Michel Temer. "Em 2019, nós dobramos o número de projetos em parceria com setor produtivo", disse Moretti. "Queremos também revisitar a agenda das nossas unidades, para que elas trabalhem de forma mais próxima e mais responsiva ao agro brasileiro." Moretti está há 25 anos na Embrapa. Iniciou a carreira como pesquisador, foi chefe da Embrapa Hortaliças, chefe do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento (DPD) e diretor executivo de Pesquisa & Desenvolvimento. A seguir, principais trechos da entrevista.

Qual é a prioridade, agora que o sr. foi oficializado no comando da Embrapa?

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Temos uma orientação muita clara da ministra (da Agricultura, Tereza Cristina) de fazer um conjunto de mudanças que tinham de ser feitas na empresa. Estamos adotando o lema "mais Brasil, menos Brasília". Precisamos descentralizar algumas ações que estão centralizadas aqui na sede. Também temos de rever uma série de processos na empresa, como o número de cargos comissionados. Aí há toda uma agenda externa: queremos seguir nos aproximando do setor produtivo. Eu estava na diretoria de pesquisa e desenvolvimento, e iniciamos um trabalho de aproximação forte das nossas unidades com o setor privado. Em 2019, nós dobramos o número de projetos em parceria com setor produtivo. Queremos também revisitar a agenda das nossas unidades, para que elas trabalhem de forma mais próxima e responsiva ao agro brasileiro.

Como fica o processo de "repotencialização" da Embrapa defendido pelo presidente Jair Bolsonaro?

Nós tivemos três vitórias no Congresso junto com o apoio dos parlamentares e da própria ministra. Primeiro, foi a questão do próprio PPA (Plano Plurianual) 2020 a 2023, em que nós tivemos confirmação do nosso orçamento inicialmente previsto. A segunda foi a questão da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e a terceira foi a LOA (Lei Orçamentária Anual). Conseguimos aumentar o nosso orçamento para as despesas discricionárias (não obrigatórias) na ordem de R$ 80 milhões para 2020. A gente teria um orçamento de algo em torno de R$ 200 milhões e agora teremos algo ao redor de R$ 280 milhões. Isso é parte dessa trajetória de fortalecer o trabalho da Embrapa. Com a proximidade maior com o setor privado, queremos aumentar nossa capacidade de captação de recursos. Então vamos sentar com o setor privado, discutir a formação de fundos de financiamento de pesquisa, similares aos que existem nos EUA. Pretendemos também desmobilizar terras. A Embrapa tem uma quantidade enorme de terras, da ordem de 106 mil hectares, que não faz sentido mais manter no nosso patrimônio.

Em termos de pesquisa, qual é o direcionamento para 2020?

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Há algumas frentes. A Embrapa tem uma programação de pesquisa bastante ampla, em função do próprio tamanho do agro, que representa 23% do PIB. Precisamos focar realmente nos problemas da agricultura e do produtor brasileiro. Em 2020, vai estar na nossa agenda a questão da edição genômica para, por exemplo, editar o genoma da soja para dar resistência a nematoides e adaptação à seca. Nisso estamos trabalhando em parceria com duas empresas privadas. Nós vamos seguir avançando com a intensificação sustentável, a integração lavoura-pecuária-floresta, que hoje já tem 15 milhões de hectares no Brasil. Vamos avançar muito na questão da bioeconomia, essa economia de base biológica. Tem ainda a questão da agricultura digital, e o Congresso acaba de aprovar uma legislação de conectividade

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(projeto que permite uso do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações para ampliar o acesso à internet no Brasil passou pelo plenário da Câmara dos Deputados e agora volta ao Senado). Só 65% do nosso território está conectado à internet, enquanto a China tem 95% do território conectado. Se queremos avançar em agricultura digital, precisamos de conectividade.

A Embrapa tem trabalhado com novas tendências, como proteínas vegetais?

Sim. A Embrapa assinou um contrato com a Marfrig para desenvolvimento de alimentos à base de proteína vegetal. A Minerva também nos procurou. Desenvolvemos um hambúrguer a partir da fibra do caju, e o Brasil produz hoje 60 mil toneladas de fibra de caju que não tinham destinação. Uma parceria com uma empresa do Rio, a Sottile Alimentos, permitiu que produzíssemos hambúrguer a partir de fibra de caju. O negócio de proteína vegetal representa algo em torno de US$ 5 bilhões, mas até 2030 nós vamos ter algo em torno de US$ 120 bilhões nesse mercado.

E na área internacional?

O Brasil é líder em tecnologia para agricultura tropical. Precisamos voltar a trabalhar fortemente na África, porque ela está no meio do caminho entre o Brasil e o nosso maior cliente, que é a China. Até 2030, 50% da classe média mundial vai estar no Sudeste Asiático. O Brasil não pode ficar longe disso. Tenho defendido em conversas com a própria ministra que nós devemos trabalhar mais fortemente em parcerias com países africanos, pois 60% das terras agricultáveis do mundo estão na África, são 400 milhões de hectares de savana. E as savanas africanas são muito parecidas com o Cerrado brasileiro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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