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Economia

'Bandeiras tarifárias' começam em janeiro e reforçam caixa das distribuidoras

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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Brasília - Apesar de não ter sido o plano original do governo, o início da vigência do sistema de "bandeiras tarifárias" no mês que vem dará um reforço de caixa às distribuidoras. Segundo o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, a estimativa do órgão regulador é de receitas extras de cerca de R$ 800 milhões por mês para as companhias, pagos pelos consumidores nas contas de luz em períodos de seca e necessidade de uso da energia térmica.

"Esse não é o propósito original das bandeiras tarifárias, mas a arrecadação é um efeito colateral positivo, que vem na direção de mitigar a questão do fluxo financeiro das distribuidoras", disse Rufino. Nos últimos dois anos, as empresas dependeram da ajuda do Tesouro Nacional e de empréstimos bancários para atravessar um grande período de estiagem e baixa geração hidrelétrica que manteve os preços da eletricidade no teto.

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Em 2013, o problema levou o Tesouro a aportar R$ 9,8 bilhões, e em 2014, por enquanto, o rombo soma R$ 28,3 bilhões - R$ 10,5 bilhões bancados pela União e R$ 17,8 bilhões financiados por bancos, em empréstimos que serão pagos pelos consumidores ao longo dos próximos três anos.

O buraco financeiro das companhias ocorre porque o alto custo da energia precisa ser pago por elas todos os meses, mas essa despesa só é repassada para as contas de luz no momento do reajuste tarifário anual de cada empresa. Até este ano, as distribuidoras eram obrigadas a absorver essa diferença dentro de seus orçamentos. Com a entrada em vigor das bandeiras tarifárias, esse descasamento deixará de existir.

Adicional

Desde 2013, as contas de luz dos brasileiros trazem um aviso sobre a situação do parque gerador de energia do País, informando se o preço da eletricidade está dentro do previsto (bandeira verde), um pouco mais alto (bandeira amarela) ou em patamar ainda mais caro (bandeira vermelha).

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A partir de janeiro, haverá uma cobrança adicional sempre que o indicador sair da posição verde. No caso da bandeira amarela, o consumidor pagará uma taxa extra de R$ 1,50 a cada 100 quilowatt-hora. Na bandeira vermelha, esse adicional aumenta para R$ 3 por 100/kWh. Este mês, todo o País está sob a condição de bandeira vermelha, posição na qual permaneceu pela maior parte do ano de 2014.

O consumo médio do brasileiro é de 163 kWh por residência, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), e a tarifa média do consumidor residencial, de acordo com Rufino, é de R$ 400 por MWh. Assim, uma conta de R$ 65,20 na bandeira verde subiria automaticamente para R$ 67,65, ao passar para a bandeira amarela, e para R$ 70,09, no caso da bandeira vermelha. O cálculo não considera os encargos e impostos incidentes na tarifa de energia.

Reforço

Os valores parecem pouco significativos individualmente, mas considerando o universo de 74 milhões de unidades consumidoras no País, em um mês de bandeira amarela, as empresas recolheriam R$ 400 milhões a mais em todo o Brasil, valor que chegaria a R$ 800 milhões em um mês de bandeira vermelha.

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De acordo com Rufino, a mudança não terá impacto inflacionário no acumulado do ano. "Não há impacto na inflação porque tudo o que os consumidores pagarem a mais mensalmente será descontado no reajuste tarifário de cada distribuidora. Só existirá, na verdade, uma antecipação desse fluxo financeiro. Depois, a Aneel fará um encontro de contas. Do ponto de vista da inflação, é indiferente", explicou o diretor-geral.

Adiamento

As bandeiras tarifárias estavam previstas para entrar em vigor em janeiro de 2014, mas a própria Aneel optou por postergar em um ano a medida. Na época, a diretoria alegou pouco entendimento do público sobre a questão e até mesmo despreparo das empresas para aplicar a nova metodologia. Rufino reconhece, no entanto, que o sistema teria sido importante já este ano, em que as despesas com energia bateram todos os recordes.

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"O adiamento foi uma decisão exclusiva da Aneel, sem interferência nenhuma do governo. Claro que, quando tomamos essa decisão, não tínhamos ideia de como seria o cenário hidrológico de 2014. Se soubéssemos, talvez tomássemos uma decisão diferente. Como não somos de tomar decisões casuísticas, decidimos manter o plano para 2015", argumentou.

Mesmo após 12 meses de adiamento, a Aneel ainda acha que o sistema continua desconhecido pela maior parte da população e pretende iniciar uma campanha de esclarecimento nos próximos dias. Além disso, o órgão vai estimular as companhias a promover peças publicitárias em suas regiões de atendimento. Rufino reitera que o sistema tem por objetivo estimular o consumo consciente.

"As bandeiras têm a lógica de dar um sinal de preço para que o consumidor possa reagir a isso e reduzir o consumo quando o custo da energia for maior. O sistema não foi nem de perto concebido para arrecadar", concluiu.

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