Sem pressão de administrados, IPC de setembro ficaria quase zerado, diz Fipe
O encarecimento da gasolina continuou a pressionar a taxa de inflação na capital paulista em setembro, refletindo a depreciação cambial, o que deve prosseguir, de acordo com o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Guilherme Moreira. A alta de 4,86% do combustível no nono mês do ano representou 0,12 ponto porcentual da variação de 0,39% do IPC do período. "Se não fosse a pressão nos preços administrados, o IPC de setembro ficaria quase zerado", diz, lembrando que, além dos combustíveis, outros itens monitorados também impulsionaram o indicador, como por exemplo energia elétrica.
"O IPC de outubro deve ficar até menor que o setembro, em 0,35%, sobretudo puxado pelo grupo Transportes, por causa de combustíveis. Contudo, a estimativa do IPC do ano foi elevada de 3,25% para 3,63% com esse câmbio mais desvalorizado, mas o cenário de inflação ainda é favorável", diz Moreira.
Além da gasolina, que liderou a lista das maiores influências de elevação do IPC de setembro, energia elétrica (2,41%) ficou na segunda posição, contribuindo com 0,08 ponto porcentual. Um outro preço administrado, cita, foi contrato de assistência média (1,26%), que teve participação de 0,04 ponto no resultado do indicador, e etanol (8,15% e contribuição de 0,04 pp).
"Também teve pressão em viagem e excursão 4,21%, com influência de 0,04 ponto, o que tem um pouco do efeito do dólar, mas o impacto cambial na gasolina é mais expressivo", afirma. Em setembro, o conjunto de preços de Transportes, do qual combustíveis fazem parte, encerrou em 0,97%, de 0,59% na terceira leitura do mês e recuo de 0,42% em agosto.
Em contrapartida, alimentos como leite longa vida (-5,02%), cebola (-25,56%), batata (-15,27%) e tomate (-8,36%) ficaram nas primeiras colocações no ranking das maiores influências de baixa no IPC de setembro.
Em Alimentação, conforme Moreira, já há contágio da desvalorização cambial. Contudo, avalia, o repasse tem sido de forma modesta, em decorrência da atividade fraca, em relação ao que se tem visto nos combustíveis. Em setembro, o grupo ficou em 0,08% na comparação com recuo de 0,01% na terceira quadrissemana e -0,49% em agosto.
"Produtos como farinha de trigo 17,84% têm variação acumulada forte no ano até setembro, mas isso não tem sido transferido integralmente. No período, macarrão, por exemplo, tem elevação acumulada de 9,77% e massas frescas, de 10,58%. Até mesmo o pão francês 6,98% acumula alta menor. Os repasses da desvalorização ainda são muito restritos", avalia. No ano, o IPC acumula 2,27%.
Já a gasolina tem aumento acumulado de 13,18% nos nove primeiros meses de 2018, conforme a Fipe. Em contrapartida, o etanol acumula queda de 5,58% no período. Apesar do recuo, o grupo Transportes tem elevação acumulada de 4,11% e de 6,18% em 12 meses até setembro ante 3,34% do IPC. A categoria de Alimentação acumula 2,87% no ano e, 3,41% em 12 meses finalizados em setembro.