Enforce, do BTG, aposta em calote corporativo
A Enforce, braço de recuperação de créditos inadimplentes do BTG Pactual, está apostando na elevada quantidade de empréstimos corporativos vencidos e não pagos para dobrar de tamanho. Com uma carteira de R$ 35 bilhões sob gestão, a empresa já se equipara à Recovery, menos de três anos após o banco ter sido obrigado a vender o negócio para o Itaú. Em função da crise gerada pela prisão do seu fundador, o banqueiro André Esteves, em 2015, o BTG se desfez da empresa, com foco no varejo, e que na época administrava R$ 38 bilhões em ativos. Esteves foi absolvido pelo Ministério Público em julho.
O motor para o crescimento da Enforce é o volume de empréstimos corporativos vencidos e inadimplentes. O estoque, além de ser elevado uma vez que é recente o hábito entre bancos locais de se desfazerem dessas operações, foi alavancado com a recente crise que o País enfrenta e que fragilizou a saúde financeira das empresas. Por consequência, o estoque de empréstimos inadimplentes e não pagos aumentou após serem provisionados e baixados dos balanços dessas instituições.
Convencer os bancos a desovarem esses créditos, segundo o sócio do BTG Pactual, Alexandre Camara, é um dos desafios estratégicos da Enforce. Além do amadurecimento do mercado de NPL (Non Performing Loans, na sigla em inglês) no País, pesa para essas instituições a preocupação sobre quem assumirá essas operações, originadas dentro de casa. "Há um estoque significativo. Se vão vender ou não, depende um pouco da necessidade de cada banco, mas o fato é que o Brasil vive um momento de pressão no crédito", diz o sócio da KPMG, Fernando Omori.
Nos últimos anos, o interesse dos bancos na venda de carteiras vencidas cresceu seja por essa pressão de crédito, mas também por conta do volume elevado de estoque que cada banco tem. "O mercado está vindo bem mais forte. Nosso trabalho de convencimento tem funcionado", admite o CEO da Enforce, Ricardo Cardoso.
Recentemente, a Enforce arrematou uma carteira de R$ 300 milhões em empréstimos corporativos do Itaú, abrangendo 40 casos de empresas em recuperação judicial. Outra operação que deve movimentar esse setor é o leilão de R$ 550 milhões em créditos do falido BVA que deve ocorrer este mês. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.