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Economia

Brasileiro se diz cauteloso ao gastar, mas não planeja

As respostas obtidas pela pesquisa brasileira refletem a análise proposta pelo estudo que garantiu o Prêmio Nobel de Economia de 2017 ao norte-americano Richard Thaler

Redação Folha Vitória
audima
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São Paulo - Cair na tentação e gastar com algo que não precisava ou até mais do que poderia é o principal motivo que leva a maioria das pessoas a não conseguir fazer poupança para usar em situações inesperadas ou para ter renda extra no futuro. O curioso é que, de acordo com uma pesquisa realizada pela Anbima, associação que representa entidades do mercado de capitais no País, oito em cada dez brasileiros reconhecem a importância de fazer essa reserva, porém mais da metade da população não começou a guardar dinheiro.

O levantamento também mostra que a maioria dos brasileiros até se considera cuidadosa na hora de controlar os gastos, mas, na contramão, quase 60% das pessoas assumem que não gostam de se planejar e que preferem esperar as coisas acontecerem para só então tomarem alguma atitude.

As respostas obtidas pela pesquisa brasileira refletem a análise proposta pelo estudo que garantiu o Prêmio Nobel de Economia de 2017 ao norte-americano Richard Thaler.

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Um dos pais da economia comportamental, em que a psicologia se une à ciência econômica, Thaler propõe os conceitos da "contabilidade mental", na qual explica de que forma as pessoas simplificam as decisões financeiras, tornando-as menos racionais do que se imaginava.

Os estudos de Thaler mostram como a falta de autocontrole, em que as tentações de curto prazo sabotam o planejamento de longo prazo, como uma reserva mensal de dinheiro para a aposentadoria acaba trocada pela parcela de financiamento de um carro, por exemplo.

"A teoria da economia comportamental trata o dinheiro de forma muito mais próxima da nossa realidade. Não dizendo como deveríamos agir, mas como, de fato, agimos", descreve a planejadora financeira e professora Paula Sauer, da Planejar.

A especialista esclarece que, ao contrário do que costuma ser difundido quando se fala de finanças pessoais, não existem modelos e regras fixas a serem seguidas. Cada pessoa tem experiências próprias e vive momentos distintos que influenciam nas decisões financeiras. "As escolhas que fazemos são sempre sob pressão de tempo e emoções, o que deixa a racionalidade distante."

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Por isso, é ideal se conhecer, saber o que o deixa mais suscetível a consumir por impulso ou a postergar o hábito de poupar.

O grande desafio, na visão do presidente do Comitê de Investidores da Anbima, Aquiles Mosca, é que a maioria das pessoas vê o planejamento financeiro como uma privação de consumo. "Elas não querem deixar de ter os pequenos prazeres da vida."

O presidente da entidade acredita, ainda, que essa característica é mais evidente entre os brasileiros, que gastam muito, independentemente do perfil de renda. "Toda renda extra tem como direcionamento primordial o consumo imediato", aponta.

Para Mosca, tal comportamento ajudaria a explicar porque 97% dos aposentados não têm liberdade financeira e precisam reduzir o padrão de vida.

Tabu

Além da baixa capacidade de poupança, a falta de planejamento resulta na alta inadimplência. Os dados de setembro da SPC Brasil apontam que há 59 milhões de brasileiros com contas no vermelho.

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Na opinião de Paula, grande parte da dificuldade de lidar com as finanças está em como tratar o tema. "O dinheiro deve ser assunto frequente nas conversas familiares. Não pode ser espinhoso nem exclusivo dos momentos de crise." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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