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Economia

Tesouro faz caixa com alta das ações de estatais

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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Brasília - Enquanto a presidente Dilma Rousseff atacava as propostas de política econômica da oposição na campanha eleitoral, o Tesouro Nacional aproveitou para fazer caixa com a escalada das ações de empresas estatais na Bolsa, movimento incensado pelas chances de eleição de Marina Silva (PSB) e, depois, Aécio Neves (PSDB).

O movimento dos investidores também auxiliou no financiamento do governo, uma vez que as taxas de juros futuros influenciam na chamada precificação dos títulos públicos. Analistas de mercado avaliam que, embora semelhante à turbulência vivida em 2002 com a eleição de Lula, a incerteza agora deriva da expectativa de continuidade, e não da mudança, do atual governo.

O cenário financeiro, com a maior parte do mercado premiando as estatais quando as pesquisas mostravam queda de Dilma nas pesquisas eleitorais, ajudou a equipe econômica em um ano especialmente difícil para o cumprimento das metas fiscais. O Tesouro vendeu "na alta" ações do Banco do Brasil e da Eletrobrás, amealhando ao menos R$ 400,4 milhões nessas operações, segundo mostram dados coletados pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

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Banco do Brasil e Eletrobrás são parte do grupo batizado pelo mercado de "kit eleições", também integrado por Petrobrás, cujos preços têm oscilado ao sabor das pesquisas eleitorais. Com essas negociações, a participação do Tesouro no BB recuou de 58,30% a 57,93%; na Eletrobrás, passou de 63,24% a 61,85%.

O governo Dilma é visto pelo mercado como intervencionista, o que limita expectativa de ganhos das estatais, daí a queda na cotação das ações quando as pesquisas indicam sua reeleição. O mercado também espera menor aperto nos gastos do governo com a reeleição. Por isso, os juros futuros caem quando a oposição sobe nas pesquisas.

"A incerteza vem da continuidade, o que chega a ser paradoxal", diz Rafael Cortez, analista da Tendências Consultoria. "A Dilma mostrou uma agenda econômica ambiciosa com a nova matriz, mas o resultado foi baixo crescimento e inflação elevada. Foi ambiciosa, fez uma escolha política legítima, mas os resultados não vieram e ela está pagando o custo desse equívoco, como teria o benefício se tivesse dado certo."

Intensidade

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O número de transações com as ações das estatais no período eleitoral também chamou a atenção de analistas. Levantamento feito pela reportagem mostra que, somando BB e Eletrobrás, foram 327 operações de venda, dentro de 90 dias, para arrecadar os R$ 400 milhões.

"Isso deve ser para ajudar a fechar o superávit primário. No atual cenário, qualquer ajuda é bem vinda", diz Felipe Chad, sócio-diretor da DXI Planejamento Financeiro. "Como é uma venda grande, contratam várias corretoras para não chamar a atenção. Faz tudo pulverizado." No BB, as vendas começaram em 10 de junho e foram até 10 de setembro, período em que o governo se desfez de 9,6 milhões de ações e arrecadou R$ 298,5 milhões. Na Eletrobrás, foram vendidos 18,9 milhões de papéis, o equivalente a R$ 101,8 milhões. "A frustração do leilão de 4G e com o Refis podem acelerar a venda de ações como forma de equilibrar as contas. Está claro que esse movimento tem arrecadação como objetivo", argumentou Eduardo Velho, economista-chefe da Invx Global Partners.

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De janeiro a agosto, o governo central economizou R$ 1,5 bilhões para o pagamento dos juros da dívida pública, o chamado superávit primário. A meta para o ano é de R$ 80 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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