Professor fala sobre o futuro do ESG em Jornada Científica e Cultural
Marcus Nakagawa participou de evento em Vitória organizado em torno da discussão do tema “Desenvolvimento sustentável como farol da inovação"
O professor, publicitário e empreendedor social Marcus Nakagawa foi um dos palestrantes da 23ª edição da Jornada Científica e Cultural Faesa, que teve início na segunda-feira (9) e se estende até 17 de outubro.
O evento é organizado em torno da discussão do tema “Desenvolvimento sustentável como farol da inovação" e seguindo este modelo, Nakagawa falou sobre o futuro e os desafios da governança ambiental, social e corporativa (ESG).
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O palestrante é vencedor do Prêmio Jabuti, a mais tradicional honraria literária nacional, com seu livro "101 Dias Com Ações Mais Sustentáveis Para Mudar O Mundo", no ano de 2019.
Nakagawa conversou com o colunista do Folha Vitória, Felipe Mello, que é biólogo e mestre em Desenvolvimento Sustentável e especialista em Gestão de Projetos. Na conversa, o professor explicitou alguns dos pontos fundamentais para o futuro do ESG.
O professor falou sobre o impacto de seu livro e como mudanças individuais e diárias podem levar o mundo a uma direção mais sustentável.
"Para mim, o mais importante foi o tema pautado. Trazer o tema da sustentabilidade para o dia a dia. Quando se fala sobre sustentabilidade, todo mundo acha que é uma coisa distante, só de empresas, e não é", disse.
Segundo o palestrante, é necessário ter atitudes sustentáveis que abarquem não apenas as questões financeiras, mas que também envolvam os meios ambiental e social na vida das pessoas.
"O livro trouxe justamente isso, dicas de como ser sustentável, e não somente na parte ambiental. Há dicas sociais e econômicas que trazem esse panorama para se poder viver de modo sustentável em um mundo que não leve em consideração apenas a parte econômica, mas ambiental, social e cultural, humana de verdade", afirmou.
Politização do termo ESG
Nakagawa também falou sobre a politização do termo ESG, principalmente em países como os Estados Unidos, onde a nomenclatura é tema de debates entre republicanos e democratas.
Para muitas pessoas, mais ligadas ao campo conservador, o termo é representação do que é chamado de "agenda woke", que é uma forma pejorativa de lidar com indivíduos que se identificam e militam por causas sociais, ambientais e identitárias.
"Eu sinto que o uso do acrônimo ESG foi politizado, principalmente por conta dos republicanos. Nos Estados Unidos, eles acabaram tirando de alguns sites e empresas grandes o termo ESG por ter se tornado esse movimento 'woke' e por um conservadorismo de alguns investidores, que não gostam muito dessa pauta", explicou.
O professor já inclusive assinou um artigo em que declara "O ESG vai morrer". Isso não diz respeito à responsabilidade social, ambiental, e de governança, aos temas propostos pelo ESG, mas sim à nomenclatura e o que ela se tornou no imaginário popular nos últimos anos.
Observar o mundo de forma mais ampla
Para o especialista, é importante enxergar o mundo não apenas pelo viés mercadológico e financeiro. A questão econômica não deve ser deixada de lado, mas é preciso ter atitudes transformadoras no dia a dia.
Para isso, é preciso agir rápido para que este panorama seja transformado e formas mais sustentáveis de produção sejam apresentadas.
"Que seja por risco, que seja por amor, que seja pela dor: o importante é que, aos poucos, e na verdade não pode ser mais aos poucos, tem que ser rapidamente, mude todo esse panorama de um olhar de mundo, na verdade, que até hoje foi um olhar de mundo muito mais financista, e agora a gente precisa ampliar nossa visão de mundo, e olhar o mundo numa forma mais 3D, 4D, que tenha outras vertentes que não seja só o financeiro", afirmou.