Selic em alta histórica: é bom ou ruim para o seu bolso?
Taxa de juros chega a 13,75%, maior índice desde 2017, e retira poder de compra do consumidor mas abre oportunidade para alternativas de investimentos de renda fixa
Funciona assim: imagine que hoje o consumidor vai ao supermercado e compra cinco itens com R$ 50 reais. Na semana que vem, ele retorna ao mesmo estabelecimento e percebe que, com o mesmo valor, só consegue comprar quatro itens.
O motivo é ela: a inflação. Inimiga do bolso, ela é caracterizada pelo aumento generalizado dos preços. Atualmente, as causas para essa disparada são concentradas nos efeitos da pandemia de coronavírus e também da guerra entre Rússia e Ucrânia.
"No pior momento da pandemia, o mercado ficou fechado. Várias empresas não estavam produzindo na mesma velocidade, acarretando problema na cadeia de suprimentos. Tínhamos ainda uma taxa de juros muito baixa", explica a planejadora financeira Ana Luísa Porto.
Dentro desse contexto que entra a Selic, a taxa básica de juros da economia. É o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação. Nesta quarta-feira (03), passou de 13,25% ao ano para 13,75%.
Na prática, o aumento da taxa torna o empréstimo mais caro. Com isso, a população gasta menos e a economia desacelera e há uma tendência de queda de preços.
"Mas não dá para cravar porque há muitos fatores que influenciam nisso. Mas, se o consumo começa a reduzir e começa a ter sobras de produtos, automaticamente, os preços irão se reduzir para que as pessoas tenham interesse em comprar. É a lei da oferta e da demanda", acrescenta Ana Luísa.
É o que o consumidor mais quer. "Cada dia que passa os preços vão aumentando. Só vejo gente reclamando. Chego no supermercado e só escuto as pessoas reclamando. Se os preços diminuíssem seria muito bom", deseja a aposentada Sindérica Raposo, ao comentar sobre seu carrinho de compras que há tempos não fica transbordando de produtos.
Mas há o outro lado da moeda. Para o mercado de investimentos, o aumento da taxa Selic é bem-vindo, já que torna algumas aplicações ainda mais atrativas.
"A alta da Selic tende a remunerar mais os títulos de renda fixa. Então, você tem títulos sem correr tanto risco de volatividade com uma remuneração bem mais interessante do que a de março de 2021 quando a taxa estava entre 2% e 2,25%", aponta o investidor Murilo Lacerda.
Pra quem costuma deixar o dinheiro somente na poupança, esse cenário é uma boa hora para começar a investir em outras modalidades.
"A poupança hoje está rendendo entre 6,26% ao ano. Quem tem um título de renda fixa, seja do tesouro direto, está obtendo o dobro de rentabilidade e ainda com o chamado risco soberano. Para quem aplica em poupança não é uma alternativa para se considerar porque ela perde até para a inflação", explica Lacerda.
Com informações da repórter Luana Damasceno, da TV Vitória/Record TV