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Economia

Crise turca contamina emergentes e faz Argentina elevar juros para 45%

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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A instabilidade financeira da Turquia voltou a assustar os mercados, na segunda-feira, 13, levando a mais um dia de valorização do dólar, principalmente, em relação às moedas emergentes. No Brasil, a moeda americana atingiu a cotação máxima de R$ 3,92 no início da tarde e fechou o dia em R$ 3,88, uma alta de 0,53%. Na Argentina, os reflexos foram mais graves. O dólar superou os 30 pesos. Para conter o derretimento da moeda, a autoridade monetária elevou o juro básico em cinco pontos porcentuais, para 45% - a maior taxa do mundo.

A escalada da tensão no mercado financeiro argentino ocorre também porque, nesta terça-feira, 14, vencem títulos do Banco Central que somam US$ 500 bilhões. Há uma preocupação com a possibilidade de não haver interesse na renovação da dívida, o que pode desvalorizar o peso argentino ainda mais.

Na segunda, o Banco Central da Turquia anunciou que adotará "todas as medidas necessárias" para evitar a desvalorização da lira turca, a moeda nacional, mas não dirimiu as dúvidas crescentes dos investidores sobre os riscos de contágio de países emergentes e da Europa em caso de agravamento da crise.

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A principal preocupação de economistas e investidores europeus é com o nível de exposição de bancos do continente. Só as instituições financeiras das cinco maiores economias europeias - Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Espanha - têm € 171 bilhões investidos no país.

A lira é alvo de um ataque especulativo que tem ao mesmo tempo razões econômicas estruturais, como a forte inflação anualizada - de 16% em julho - e o déficit em contas correntes, além de problemas políticos conjunturais. O último deles é o confronto entre Donald Trump e Recep Tayyip Erdogan, que criou a principal causa de turbulência recente: o aumento das tarifas para importação de aço e alumínio do país por parte dos EUA, medida tomada em retaliação à prisão do pastor evangélico americano Andrew Brunson, preso pelo regime turco desde 2016, acusado de espionagem e terrorismo.

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A decisão de Trump de dobrar as barreiras alfandegárias causou princípio de pânico no mercado de câmbio, quando a lira perdeu 16% de seu valor frente ao dólar. "A moeda da Turquia continua em rota de depreciação. Embora a deterioração das relações com os EUA tenha sido um catalisador, em muitos aspectos trata-se de uma crise monetária convencional e que já vem ocorrendo há algum tempo, culminando com a erosão da credibilidade política", disse o economista Michael Cahill, do Goldman Sachs.

Na segunda, para estancar a crise, a autoridade monetária prometeu dar "toda a liquidez necessária" aos bancos do país para tentar frear a desvalorização da moeda, que caiu 40% frente ao dólar e ao euro em 2018. Uma primeira medida foi reduzir as reservas obrigatórias dos bancos de forma a liberar liquidez ao sistema financeiro. O BC turco anunciou ainda que injetaria US$ 6 bilhões e mais o equivalente a US$ 3 bilhões em ouro nas instituições.

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Mas as dúvidas continuam. "A redução das reservas obrigatórias permite colocar alguns bilhões no mercado, mas em relação ao déficit corrente da economia turca, da ordem de US$ 60 bilhões, é uma gota d’água no oceano", disse Deniz Akagul, professor de Economia da Universidade de Lille.

Em um ano, a lira perdeu 46% de seu valor frente ao euro, dos quais 24% nos últimos dias. Desde a crise financeira de 2001 a situação não era tão inquietante aos olhos de investidores europeus. O mercado financeiro teme os efeitos de uma eventual bancarrota dos bancos turcos sobre instituições europeias. Entre os bancos mais expostos estão o francês BNP Paribas, o italiano UniCredit e o espanhol BBVA. Só nas instituições espanholas, os empréstimos de bancos turcos somam US$ 80 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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