BC: efeitos dos choques recentes sobre inflação estão se revelando temporários
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central considerou nesta quarta-feira, 1º, que os efeitos da greve dos caminhoneiros - ocorrida entre o fim de maio e o começo de junho - sobre a inflação estão se mostrando temporários. O colegiado decidiu há pouco manter a Selic (os juros básicos da economia) em 6,50% ao ano.
"Indicadores recentes da atividade econômica refletem os efeitos da paralisação no setor de transporte de cargas, mas há evidências de recuperação subsequente", afirmou o Copom, por meio de comunicado. "O Comitê considera que os efeitos dos choques recentes sobre a inflação estão se revelando temporários, mas é importante acompanhar ao longo do tempo o cenário básico e seus riscos e avaliar o possível impacto mais perene de choques sobre a inflação", acrescentou o documento.
Sob o impacto da greve, Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou e chegou a 1,26% em junho. Para julho, porém, a expectativa dos analistas de mercado consultados pelo BC no Relatório Focus é de uma inflação de apenas 0,30%.
O Copom reforçou hoje que sua atuação deve se pautar na evolução das projeções e expectativas de inflação e da atividade econômica. Mais uma vez, o colegiado explicou que os choques de preços relativos devem ser combatidos apenas em seus efeitos secundários, por meio dos quais podem alterar os balanços de riscos para a inflação.
"Esses efeitos podem ser mitigados pelo grau de ociosidade na economia e pelas expectativas de inflação ancoradas nas metas. Portanto, não há relação mecânica entre choques recentes e a política monetária", acrescentou o BC.
O Copom repetiu ainda que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.