Agora é boa hora para EUA entrarem em briga comercial, diz Ross
O secretário do Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, afirmou nesta quarta-feira que agora é "uma boa hora" para "entrar em uma briga" no comércio, com a economia americana "bombando" e o país dependendo menos de exportações que os parceiros globais com que sustenta déficits comerciais. Nesta semana, delegações de médio escalão das duas maiores potenciais econômicas do mundo retomaram as tratativas em reuniões na capital americana.
"O maior problema de muitas companhias (americanas) é achar mão de obra qualificada. Essa é a hora certa para entrar em um pequeno impasse, ao passo que, em países como a China, a economia está desacelerando", prosseguiu Ross, ao participar da reinauguração da fundidora da fabricante de alumínio Century Aluminum, em Hawesville, no Estado do Kentucky. "Não quero fingir que a China está desmoronando, (mas) exportações são mais importantes para a economia deles que para a nossa."
Para o representante do governo americano, o desequilíbrio na balança comercial entre EUA e China significa que, se houver uma situação de retaliação "olho por olho", Pequim "ficaria sem munição muito antes" de Washington.
"As primeiras tarifas que nós impusemos eles equipararam dólar por dólar. Agora, que estamos, talvez, prestes a aplicar (as tarifas adicionais sobre) US$ 200 bilhões (em importações da China), eles disseram 'bem, isso é 40% do que vendemos para vocês, então tarifaremos 40% do que vocês vendem para nós', que são US$ 60 bilhões", argumentou Ross, apontando que, nesse caso, a China não conseguiria retaliar em pé de igualdade, já que as suas importações de bens americanos não alcançam US$ 200 bilhões. "Então, já estamos na frente do jogo."
Ross reconheceu, contudo, que há uma contrapartida "triste" da política comercial baseada em tarifas. "Haverá algumas companhias americanas inocentes que serão impactadas, (...) particularmente no setor do agronegócio, e é por isso que o presidente (Donald Trump) fez o programa (de auxílio ao setor) de US$ 13 bilhões."
Encerrando sua participação na cerimônia no Kentucky, o secretário do Comércio admitiu ainda que as tensões comerciais frutos das tarifas americanas não são algo que "acabará em 10 minutos". "Mas chamamos a atenção deles. Estamos discutindo tópicos com eles que eles não queriam discutir antes. Porque eles agora sabem que tem um novo xerife na cidade, que é Donald J. Trump. E ele é um bom tiro. Eles sabem que não estamos brincando por aí."