Maioria dos brasileiros recorreram a ‘bicos’ para complementar renda
Pesquisa realizada pelo SPC aponta que 64% dos cidadãos fizeram algum trabalho extra no primeiro semestre de 2018
Uma pesquisa realizada pelo SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) conclui que 64% dos brasileiros realizaram algum trabalho extra para complementar a renda no primeiro semestre de 2018. As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (23).
O estudo ainda revela que mais de 70% dos trabalhadores mais pobres (classes C, D e E) recorreram aos “bicos”. Destes, 44% afirmam que sentiram uma piora nas suas condições financeiras. Apenas 19% pensam que a situação econômica do país está melhor agora do que antes.
Outro dado da pesquisa é que cinco em cada 10 consumidores enxergam uma piora na economia brasileira quando comparada ao ano passado. No primeiro semestre, 83% dos consumidores fizeram cortes para driblar crise e 77% não sentiram efeitos da melhora da economia.
Segundo a economista-chefe do SPC, Marcela Kawati, “a recuperação da economia ainda é bastante lenta e surte pouco efeito prático na realidade dos brasileiros. O momento mais crítico da crise ficou para trás, mas isso não significa que a vida das pessoas tenha melhorado substancialmente”.
— A renda das famílias segue achatada e o consumo melhora a passos lentos porque o desemprego segue alto e a confiança abalada.
Em sentido oposto, 23% dos entrevistados relataram sentir no próprio bolso uma melhora na situação. Nesse caso, 47% justificam sua posição dizendo que as pessoas voltaram a consumir, enquanto 36% consideram que a criação de novas vagas está aumentando.
Perspectivas
Para colocar a vida financeira em ordem, 28% dos brasileiros desejam aumentar a renda no segundo semestre fazendo algum trabalho extra. Outras estratégias são organizar as contas de casa (26%), realizar mais pagamentos à vista (25%) e cortar gastos com lazer (21%). Desse modo, 42% dos entrevistados têm a expectativa de que a vida financeira será melhor no segundo semestre do que no primeiro.
Questionados quanto ao futuro da economia, a pesquisa aponta opiniões divididas: 39% acham que a situação será melhor no segundo semestre, enquanto 29% acham que a situação continuará a mesma. Além disso, 15% acreditam que haverá uma piora nas condições econômicas.
A pesquisa ouviu 886 consumidores de ambos os gêneros, com mais de 18 anos e de todas as classes sociais nas 27 capitais do país. A margem de erro é de no máximo 3,3 pontos percentuais, com taxa de confiança de 95%.