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ARTIGO IBEF

Os desafios na governança corporativa da Vale em 2024

O conselho de administração tem como dever transparência, credibilidade e zelo pelo interesse da empresa, sendo componente central de governança corporativa

IBEF-ES

Redação Folha Vitória
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Foto: Thiago Soares/Folha Vitória
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No mês de março, José Luciano Duarte Penido, membro do Conselho de Administração da Vale, renunciou ao cargo em meio à repercussão negativa da tentativa de o governo federal emplacar o nome de Guido Mantega como o novo presidente da mineradora. 

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Na sua carta renúncia, Penido afirma que a Vale “vem sendo conduzida de forma manipulada, não atende ao melhor interesse da empresa, e sofre evidente e nefasta influência política”. 

O mercado teve uma reação negativa à crise institucional que surgiu sobre o processo sucessório da presidência da companhia. 

No decorrer do primeiro trimestre de 2024, a Vale já acumula queda em seus papéis na bolsa brasileira, sendo afetada principalmente pela queda nos preços de minério de ferro no mercado internacional e pela possível interferência política do governo federal.

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O conselho de administração foi instituído pela Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/1976). Esse órgão colegiado tem o papel de supervisão da gestão dos diretores executivos, a tomada de decisões estratégicas e a representação dos interesses dos acionistas. 

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O conselho de administração tem como dever transparência, credibilidade e zelo pelo interesse da empresa, sendo componente central de governança corporativa. 

Quando um membro do Conselho declara, ao renunciar, que perdeu a fé na integridade dos propósitos de acionistas significativos da companhia em promover a elevação da governança corporativa, a mensagem que se passa ao mercado é preocupante. 

Para alguns analistas de mercado, tal afirmação sugere que a empresa pode não estar seguindo a trajetória adequada para aos interesses corporativos e às expectativas de boa governança.

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Mas, afinal, qual interesse do governo federal em nomear o novo presidente da mineradora? Em entrevista realizada fevereiro de 2024, o presidente Lula subiu o tom em relação à condução realizada referente ao acidente de Brumadinho e criticou a falta de investimentos da mineradora. 

Adicionalmente, destaca-se a magnitude da Vale. Atualmente, essa gigante da mineração ocupa uma posição entre as cinco principais empresas do Brasil, registrando um resultado operacional próximo a 18 bilhões de dólares no ano de 2023. 

A companhia não apenas figura entre as maiores do mundo, mas também se consolida como uma das principais operadoras logísticas brasileiras, abrigando em seu efetivo mais de 120 mil colaboradores, entre diretos e terceirizados, espalhados por todo o planeta.

Neste cenário, a reação de apreensão do mercado diante das severas críticas expressas por Penido em sua carta de renúncia encontra justificativa. 

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Considerando o status da Vale como uma das maiores empresas globais, o controle sobre ela representa uma parcela considerável de poder para os que detêm tal posição. 

Para os potenciais investidores, tal situação desperta preocupações significativas. Já para os membros do conselho que permaneceram, surge o desafio de restabelecer a reputação da empresa.

*Artigo escrito por Júlia Leite Coutinho, especialista de Finanças da ArcelorMittal Brasil, com temas de M&A, Tributário e Finanças e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de GRC do IBEF-ES; e por Victor Bragatto Luchi, gerente de área de Controladoria Comercial na ArcelorMittal e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de GRC do IBEF-ES. 

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*Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo

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