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Economia

Para FGV, desemprego manterá pressão sobre inflação por mais tempo

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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Rio - O mercado de trabalho seguirá piorando, com aumento do desemprego, mas essa deterioração parece aquém do esperado diante do contexto de retração da economia, contribuindo para a resistência da inflação de serviços. A avaliação é de Rodrigo Leandro de Moura, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), que divulgou os Indicadores de mercado de trabalho de maio, nesta quarta-feira, 10.

"A gente já está observando um aumento do desemprego, mas ele deve aumentar aquém do esperado", disse Moura, que vem analisando o fenômeno nos últimos meses e defende que a formalização do mercado de trabalho é a principal explicação para isso.

Ao longo de cerca de uma década de melhoria contínua no mercado de trabalho, com recordes de baixa sucessivos das taxas de desemprego, a formalização das relações de trabalho avançou muito, destacou Moura, em artigo publicado no jornal "O Estado de S.Paulo" no fim de abril. Com isso, sobe o custo de demissão de funcionários para as empresas. Em vez de demissão em massa, as firmas deixam de contratar e não repõem empregados.

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O resultado é um aumento mais lento do desemprego, puxado principalmente pelo aumento da população economicamente ativa (PEA) e não tanto pela queda na População Ocupada (PO). A consequência disso, segundo Moura, é que a piora do mercado de trabalho se dá mais no campo do rendimento - como reação à crise, as empresas dão reajustes mais modestos, enquanto a inflação corrói os salários.

"O ajuste no mercado de trabalho via salários significa que a gente deve ter a inflação alta persistindo por um tempo maior", afirmou Moura, lembrando que, em condições normais, uma alta mais rápida no desemprego deveria se traduzir numa redução também mais rápida da inflação de serviços. Diante da lentidão no aumento do desemprego, efeitos sobre a inflação de serviços deverão ser sentidos mais para o fim de ano, avaliou o pesquisador.

Mais cedo, a FGV informou que o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) avançou 2,9% em maio ante abril, para 88,3 pontos, maior resultado desde maio de 2009 (90,4 pontos) e quinto mês seguido de alta. O índice traduz a percepção dos consumidores sobre o mercado de trabalho.

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Já o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) avançou 0,3% em maio sobre abril, quando já havia subido 2,0% ante março. Para Moura, as altas recentes são mais uma correção - na média móvel trimestral, o IAEmp segue subindo - e houve piora da percepção sobre a situação atual tanto por parte dos empresários do setor de serviços quanto por parte dos industriais. O fato de o setor de serviços está sendo mais afetado aponta justamente para deterioração mais à frente, embora em ritmo lento.

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