Para BTG Pactual, Banco Central não deve reduzir juros agora em junho
Não acho que o Banco Central deva fazer isso agora, tampouco acho que julho será melhor momento, com as condições que temos agora", disse o presidente da instituição
Rio - O diretor e economista-chefe do BTG Pactual, Eduardo Loyo, afirmou nesta sexta-feira, 20, que o Banco Central não deve reduzir a taxa básica de juros, a Selic, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em junho. "Não acho que o Banco Central deva fazer isso agora, tampouco acho que julho será melhor momento, com as condições que temos agora", disse.
"É uma questão a ser discutida um pouquinho mais adiante", acrescentou Loyo, que participa de uma mesa de debates no XVIII Seminário de Metas para a Inflação, no Rio.
Segundo ele, é prudente que a autoridade monetária mude a orientação de sua política apenas quando o comportamento da inflação em direção à meta de 4,5% ao ano seja considerado "satisfatório".
Hoje, a Selic está em 14,25% ao ano. Já a inflação é de 9,62% em 12 meses até maio, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), divulgado nesta sexta-feira pelo IBGE. "Erro, só para cima. É isso que a gente deveria tentar", disse Loyo.
Altamir Lopes
O diretor de Política Econômica do Banco Central, Altamir Lopes, afirmou no mesmo evento que a inflação acumulada em 12 meses não oferece espaço para a flexibilização da política monetária.
"Deve-se considerar que o nível elevado da inflação em 12 meses não oferece espaço para a flexibilização da política monetária", disse Altamir. "Deve-se reconhecer avanços na política de combate à inflação", acrescentou.
Em sua fala, Altamir disse ainda, a respeito da área fiscal, que "é preciso garantir trajetória de resultados primários que garanta estabilidade da dívida". Ao mesmo tempo, afirmou esperar que o momento atual do País seja aproveitado para repensar a estrutura de tributos e para rediscutir as dívidas dos entes subnacionais.
José Júlio Senna
Diante da situação de "calamidade" na atividade econômica, o Banco Central poderia avaliar a possibilidade de reduzir a taxa de juros e, como compensação, elevar a meta para a inflação em 2017, sugeriu o economista José Júlio Senna, chefe do Centro de Estudos Monetários do Ibre/FGV. "Meta de 4,5% em 2017 é forçar muito a economia neste momento", disse após participar do XVIII Seminário de Metas para a Inflação, no Rio.
Senna, que foi diretor do Banco Central na década de 80, argumentou que o regime de metas é flexível por natureza e que o ajuste seria benéfico em meio a um cenário de queda na atividade, aumento do desemprego e recuo superior a 10% no PIB per capita. Hoje, a taxa básica de juros, a Selic, está em 14,25% ao ano.
"Poderíamos ter meta maior em 2017, mas não pode ser longe demais (de 4,5%), e um pouco menor em 2018, como 4,25%, para dar credibilidade", disse o economista. Segundo ele, a modificação da meta em 2018, ou o compromisso com os mesmos 4,5% atuais, seria crucial para mostrar que o BC não estaria jogando a toalha em relação à inflação.
"Temos de perseguir a meta, mas não a qualquer custo", reiterou Senna.