Após ser privatizado, terminal de pesca de Vitória será reformado e receberá pescados do exterior
Terminal foi adquirido em leilão, na última sexta-feira, pela empresa Himalaia Refrigeração e Conservação, que adiantou à reportagem da TV Vitória alguns investimentos que pretende fazer no local ao longo dos 20 anos de concessão
Depois de 16 anos sendo administrado pela colônia de pescadores da Praia do Suá, o Terminal de Pesca de Vitória terá um novo gestor. Na última sexta-feira (11), a empresa Himalaia Refrigeração e Conservação, com sede na capital capixaba, arrematou o leilão de privatização, realizado na na B3, em São Paulo, com um lance de mais de R$ 1 milhão.
A outorga dá ao concessionário o direito de explorar o serviço pelos próximos 20 anos. Agora, a colônia de pescadores de Vitória, que também disputou o leilão, está em compasso de espera e com muitas dúvidas sobre o que vai acontecer.
"Investimos mais de um milhão e meio aqui, de material que está aqui e que temos que tirar. O problema é como nós vamos tirar esse material daqui. Não conhecemos o cara que ganhou o leilão, mas queremos conversar com ele. A única pessoa que não pode ser prejudicada é o pescador", ressaltou o presidente da colônia de pescadores de Vitória, Álvaro Martins da Silva.
Ao falar do material adquirido pela colônia, Álvaro se refere às câmaras frigoríficas, às esteiras para transbordo do pescado e ao maquinário da fábrica de gelo, entre outros equipamentos.
O presidente da colônia de pescadores também se preocupa com a capacidade de investimento do futuro gestor, já que as instalações prediais e o cais dos barcos estão em situação precária. "Para o pescador, se ele investir e fizer tudo o que está falando, isso aqui vai ser outro mundo. Está ótimo, não tem problema", afirmou.
Vencedora do leilão fará investimentos no Terminal Pesqueiro
Do Terminal Pesqueiro de Vitória chegam e saem embarcações de todo o Brasil. Ao todo, o local recebe entre 300 a 400 barcos, com mais de 1,5 mil pescadores por mês.
O diretor da Himalaia Refrigeração, Marcos Antunes, conversou com a equipe de jornalismo da TV Vitória/Record TV e disse que prefere aguardar o fim dos trâmites burocráticos para se pronunciar oficialmente sobre a aquisição do terminal.
Ele, no entanto, adiantou alguns investimentos que a empresa pretende fazer no local. Entre eles, está a reforma do cais e do salão de transbordo e beneficiamento do pescado, além da ampliação da capacidade de produção de gelo.
Marcos Antunes garantiu também que os pescadores terão melhores condições de trabalho, com uma melhor estrutura, e que, além do mercado brasileiro, a empresa pretende investir no mercado europeu e nos Estados Unidos.
Há 36 anos vivendo da pesca, o pescador Brás Clarindo Filho acredita na viabilidade financeira do terminal, desde que sejam feitas as obras necessárias. A preocupação dele é a mesma de outros pescadores: como realizar as melhorias sem interromper o funcionamento do local.
"É o único terminal pesqueiro de Vitória que a gente tem para descarregar e abastecer as embarcações. O terminal está bem depreciado, precisando de boas reformas. É preciso fazer uma transição bem adequada para que o terminal não pare, e o pescador tenha condições de carregar e descarregar suas embarcações", afirmou.
Terminal Pesqueiro de Vitória foi o que recebeu maior oferta
Além do Terminal Pesqueiro de Vitória, foram leiloados, na última sexta-feira, os terminais de Belém e Manaus, que tiveram ofertas bem abaixo da recebida pelo da capital capixaba. O valor de outorga dos três terminais, que ainda estão sob responsabilidade da União, chegou a R$ 1,27 milhão.
Os terminais serão concedidos pelo prazo de 20 anos e o concessionário será responsável por explorar, revitalizar, modernizar, operar e manter o terminal. O vencedor do leilão foi o que ofertou a proposta mais vantajosa, com o critério de maior oferta de outorga.
O terminal de Belém foi o primeiro a ser negociado, e foi arrematado pela Amazonpeixe Aquicultura, única empresa a participar do leilão. Ela ofertou R$ 140.757,74, o que representou um ágio de 50,50%.
O terminal de Manaus também foi arrematado pela Amazonpeixe Aquicultura, única concorrente do certame. O valor oferecido foi de R$ 126.991,07, com ágio de 50,50%.
Já o terminal de Vitória teve dois concorrentes e o vencedor foi a Himalaia Refrigeração e Conservação, que apresentou proposta melhor que a Léo Pescados Comércio Atacadista. A Himalaia ofereceu R$ 1.003.000, o que representou um ágio de 100.299.900%
Concessões podem beneficiar 59 mil pescadores
Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, mais de 59 mil pescadores artesanais poderão ser beneficiados com as concessões. A produção pode chegar a mais de 54 mil toneladas de pescado por ano e reduzir o desperdício de pescados em mais de 87,5 mil toneladas no longo do prazo como consequência das melhores condições de manuseio e processamento da produção.
O leilão teve apoio da Secretaria Especial do Programa de Parceria de Investimentos do Ministério da Economia e contou com a presença do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite.
“O número mais importante desse leilão é o investimento privado. O meio ambiente será transformado pela iniciativa privada, como essa de transformar os terminais pesqueiros em novas tecnologias e em mais produtividade”, disse, ressaltando que a concessão dos terminais pode ainda gerar alternativas para os resíduos da pesca.
"Aquilo que não será utilizado pode se transformar por exemplo em biogás, gerando energia, e biometano, gerando combustível".
Para o secretário de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, Jorge Seif Júnior, a concessão dos terminais pode reduzir o preço do produto para o consumidor.
“O pescado vai chegar mais barato na mesa do consumidor. Quando temos infraestrutura perto de onde a pesca acontece, naturalmente os custos de operação serão reduzidos, a produtividade vai aumentar e isso impacta nos custos de produção e no preço final para as feiras livres, para os mercados e para as gôndolas”.
Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record TV, e da Agência Brasil