Fechamento por 14 dias: setor econômico aceita restrições no ES, mas pede apoio da população
Empresários e entidades ligadas ao comércio temem agravamento da crise na economia caso sociedade não cumpra a sua parte evitando aglomerações
A partir desta quinta-feira (18) até o dia 31 de março (segunda-feira), as atividades consideradas não essenciais como shoppings centers, restaurantes, bares, lanchonetes e lojas do ramo de vestuários não poderão realizar atendimento presencial ao público. A medida é válida para todo o Espírito Santo.
Esses setores podem funcionar desde que o atendimento seja feito por meio de aplicativo ou telefone, apenas com delivery. A decisão foi anunciada pelo governador Renato Casagrande, em uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (16).
Representantes do comércio e da indústria capixaba apoiam a decisão do governo estadual em restringir algumas atividades para diminuir e controlar a contaminação da covid-19. Porém, o receio é a não conscientização da população, o que poderia prolongar as restrições e, consequentemente, o impacto negativo na economia.
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O coordenador estadual da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Raphael Brotto, ressaltou que a medida é necessária, mas outros setores do comércio também deveriam ser incluídos, como lojas agropecuárias e de materiais de construção, que pelo ato estão liberados para o atendimento ao público presencial.
"Na forma genérica toda e qualquer medida para ter alguma consequência positiva na saúde é necessária. Mas não precisa ficar restrita só aos shoppings centers. A gente entende o momento e vamos cumprir. Mas, mais uma vez, o comércio dos shoppings ficará penalizado" salientou Brotto.
Preocupação com a Páscoa
Em 2020, os shoppings na Grande Vitória ficaram 74 dias fechados, trabalhando apenas com delivery, drive thru e take away - essas duas últimas modalidades acontecem quando o cliente vai ao estabelecimento retirar a sua compra - neste decreto apenas o serviço de delivery será mantido. E, com a Páscoa e a venda de chocolates, o fato de não ter retirada no local pode prejudicar o setor.
"Não dá para ter uma certeza dos números e perdas econômicas, mas a área de chocolates será prejudicada prontamente. Além disso, ela traz outros benefícios porque as pessoas vão ao shopping comprar os ovos e acabam comprando outras coisas, aquecendo a economia. Esse movimento, por menor que seja, é muito importante", frisou.
Por fim, Brotto faz um apelo para que a população colabore para que, ao final dos 14 dias, os shoppings possam voltar a abrir.
"Peço que as pessoas tenham paciência, e cada um faça a sua parte para que possamos retornar a economia" disse.
Para o diretor-presidente do ES em Ação, Fábio Brasileiro, a segurança da vida humana precisa vir em primeiro lugar. Ele acredita que os empresários estão mais preparados para enfrentar essa paralisação.
"Em 2020 foi muito mais duro, as empresas não estavam preparadas. A nossa perspectiva é que o aprendizado adquirido no passado seja fundamental para os empresários", explicou.
No pronunciamento desta terça-feira (16), Renato Casagrande disse que o governo pretende dar ao setor econômico compensações. Sobre isso, Brasileiro destacou que ainda não sabe quais seriam as medidas, no entanto, acredita que será semelhante ao ano passado, quando houve flexibilização dos tributos e de impostos.
"Vejo que o governador junto à Secretaria da Fazenda está estudando as questões fiscais para não desamparar o setor neste momento, atenuando assim o problema econômico que pode surgir", adiantou Fabio.
"O nosso pedido é que a sociedade entenda a gravidade do momento efetivamente e possa se cuidar para retornarmos. O setor comercial e industrial permanece organizado para receber essas pessoas. Estimo que a população tenha consciência e evite aglomerações e festas clandestinas", reforçou Fábio Brasileiro.
Supermercados
A Associação Capixaba dos Supermercados (Acapes) informou que aguarda a publicação oficial do decreto para se posicionar e orientar os associados para o cumprimento. Disse ainda está ciente da gravidade do problema, mas se preocupa também com a queda na atividade econômica e com o desemprego.
Findes
A presidente da Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes), Cris Samorini, por meio de nota, disse que apoia e defende a decisão dos protocolos de segurança para o momento que o estado passa. Afirmou também que a Indústria e os demais setores da economia cumprem protocolos de segurança eficazes, mas é necessário que toda a população colabore, neste que considera o pior momento da pandemia.
A Findes também incentiva a ampliação do trabalho em home office e apoia o movimento Unidos Pela Vacina. "A expectativa é de que os índices de novos casos caiam e que a vacinação avance, indicando que poderemos ter um breve retorno a um nível de normalidade razoável", afirmou Samorini em nota.
Confira a nota da Findes na íntegra:
Esperamos que as medidas possam reduzir a velocidade da propagação da doença. A expectativa é de que os índices de novos casos caiam e que a vacinação avance, indicando que poderemos ter um breve retorno a um nível de normalidade razoável.
Todos nós precisamos dar a nossa contribuição neste momento de restrições mais severas. Por isso, eu gostaria de convocar todos os industriais a ampliar o home office.
Reitero que a Findes apoia o Movimento Unidos pela Vacina, iniciativa apartidária que tem o objetivo de imunizar toda a população brasileira até setembro.
A imunização da população é essencial para preservar vidas e empregos. Ela possibilitará a plena retomada da atividade econômica.
A vacinação em massa e o cumprimento dos protocolos sanitários é o único caminho que temos para conter o vírus.