Queda de 3,8% do PIB em 2015 é a maior para um ano desde 1990, revela IBGE
Rio - O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmou que o Produto Interno Bruto (PIB) teve em 2015 o pior desempenho desde 1990. A queda de 3,8% é a maior desde o recuo de 4,3% registrados em 1990. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira, 3.
A atual série histórica do IBGE para as Contas Nacionais Trimestrais começa em 1996. A queda de 6,2% do PIB da Indústria em 2015 é a maior da série desde 1996. Já o PIB de Serviços, além de ter a maior queda da série, registrou o único resultado negativo para um ano desde então.
Pelo lado da demanda, a queda de 4,0% do Consumo das Famílias em 2015 é a maior da série desde 1996, registrando o primeiro recuo desde 2003, quando foi registrada retração de 0,5%.
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), de 14,1%, também teve a maior queda da série desde 1996, superando o recuo de 8,9% de 1999.
Dados trimestrais
A queda de 1,4% no PIB da indústria no quarto trimestre de 2015 ante o terceiro trimestre do ano foi a quarta taxa negativa consecutiva do setor, segundo os dados das Contas Nacionais trimestrais. Antes disso, a indústria vinha de um trimestre de estagnação e outros dois recuos.
No PIB dos Serviços, a queda de 1,4% no quarto trimestre de 2015 ante o terceiro trimestre do ano também foi a quarta taxa negativa consecutiva e a mais intensa desde o quarto trimestre de 2008, em que registrou recuo de 2,3%.
As importações, que recuaram 5,9% no quarto trimestre de 2015 ante o terceiro trimestre, tiveram o quinto resultado negativo consecutivo. No Consumo das famílias, a queda de 1,3% na mesma comparação foi a quarta taxa negativa seguida.
Já o consumo do governo, que caiu 2,9% no quarto trimestre de 2015 ante o terceiro trimestre do ano, teve o pior resultado desde o quarto trimestre de 2008, quando houve retração de 3,4%.
Impostos
Com influência do desempenho negativo da indústria de transformação, a queda de 7,3% dos impostos sobre produtos em 2015 puxou para baixo o desempenho do PIB no ano passado, que retraiu 3,8%, afirmou Rebeca de La Rocque Palis, coordenadora de Contas Nacionais.
Os impostos caíram mais do que o valor adicionado do PIB, com retração de 3,3% no ano passado. "O volume dos impostos caiu bem mais que a média da atividade econômica e puxou a atividade para baixo", afirmou.
O resultado está mais relacionado aos produtos industriais. "A queda dos impostos está muito relacionada com impostos industriais. Então está muito ligada com o desempenho negativo da indústria da transformação".
Segundo ela, o IPI e o imposto de importação caíram mais, enquanto o ICMS numa proporção menor.
Entre as três grandes atividades, a única que teve alta foi a agropecuária, destacou, de 1,8% em 2015. A indústria teve a maior queda, de 6,2%, puxada pela indústria de transformação.