Padilha: governo acertou com ajuste fiscal, teto de gastos e Previdência
Padilha falou ainda que o País está voltando a ter índices próximos a quando tinha grau de investimento, mas ponderou que ainda é cedo para falar em reconquistar o investment grade
Brasília - O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse nesta quarta-feira, 1º de fevereiro, durante abertura do segundo de dia de debates do Grupo de Discussões do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, em Brasília, que o governo do presidente Michel Temer acertou na macroeconomia com medidas como o ajuste fiscal, a PEC que limita o teto dos gastos públicos pelos próximos 20 anos e com o envio da Reforma da Previdência ao Congresso.
"Os juros estão em queda, a inflação está no centro da meta e com tendência a ir abaixo do que era previsto", disse. "Isso faz com que possamos ter já para este ano uma expectativa bem melhor no campo da macroeconomia."
Segundo Padilha, ele e o presidente Temer tiveram "ontem à noite" uma conversa sobre possibilidades para a retomada do emprego e que o governo acredita que, ao criar condições para que a economia volte a ser "consistente", vai também combater o desemprego.
Padilha falou ainda que o País está voltando a ter índices próximos a quando tinha grau de investimento, mas ponderou que ainda é cedo para falar em reconquistar o investment grade. "Isso não significa dizer que vai ter grau de investimento imediatamente", afirmou.
O ministro reiterou que o governo tem "convicção" de que na macroeconomia "está no rumo certo" ao atacar as mudanças "na estrutura", pois há um "problema conjuntural" e, sem dar detalhes, reforçou que o governo ainda tem "atitudes na microeconomia para tomar." "A questão da microeconomia, temos que avançar para alavancar o emprego", disse.
Padilha citou como medidas positivas do governo até agora a liberação do dinheiro do FGTS dos inativos e afirmou que eles vão injetar "até R$ 40 milhões na economia". "E vai ser injetado na ponta, com o consumidor", disse a uma plateia de empresários.
O ministro destacou ainda que os "economistas" já estão projetando 0,5% de crescimento do PIB para este ano e que até poderia estimar mais, no entanto, a projeção "é uma referência" do governo.
Conforme mostrou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, embora os analistas de mercado projetem crescimento de apenas 0,5% PIB neste ano, o governo aposta na retomada no primeiro trimestre, quando a economia deve crescer entre 0,3% e 0,5%, segundo fontes da equipe econômica.
'Juízo final'
O ministro da Casa Civil que "chegou o dia do juízo final" para os Estados e que o governo federal não tem mais "jeitinho" para conseguir dar mais ajuda financeira. "O fenômeno que atingiu o governo federal vem dos municípios, as chamadas corporações ganharam força, os parlamentares dos municípios, dos Estados e da União criaram muitas vantagens, porque se tinha a noção de que o governo federal era o reino de Pasárgada, onde tudo é possível", afirmou.
Padilha citou sua fase de parlamentar e afirmou que muitos pensam em criar despesas sem pensar nas receitas e que depois acreditam "que o governo resolve". O ministro contou ainda uma conversa que teve com um governador, "sem citar o nome por respeito", que, ao lamentar a situação fiscal de seu Estado, disse que o "governo federal sempre tem um jeitinho". "Ele me contou de forma procedente o seu problema e eu disse: acabou o dia do jeitinho. Chegou o dia do juízo final, quem tem, tem, quem não tem, não tem", contou.
Eliseu Padilha disse que, apesar disso, o governo tem buscado ajudar os Estados e que, logo que o presidente Michel Temer chegou ao governo, se dizia que "quatro Estados estavam quebrados e outros 13 iam quebrar". "Hoje, se não houvesse nenhum fator novo, e nós estamos trabalhando para facilitar a vida dos Estados, nós teríamos a quase incapacidade de operação de mais da metade dos Estados", reconheceu.
O ministro disse ainda que uma das definições que gosta ao falar sobre os entes federativos é a de que "o Estado não produz um centavo, é mero administrador daquilo que toma da sociedade". Padilha lembrou que a dívida dos Estados com a União é da década de 90 e defendeu que, sem a "atitude dura" da PEC do teto dos gastos, a União poderia chegar a uma situação de "absoluta incapacidade administrativa".
Ao reconhecer que o a PEC que limita os gastos públicos vai "restringir investimentos", Padilha falou à plateia de empresários que o governo está buscando parcerias com a iniciativa privada.