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Economia

Taxa das NTN-B mantém queda em janeiro, mas ainda não se iguala a 2012

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
audima
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São Paulo - Nem todas as heranças de 2014 são contempladas com pesar pelos agentes econômicos. Os títulos públicos atrelados à inflação fecharam o mês de janeiro oferecendo retornos interessantes para os investidores que decidiram voltar a apostar nessa classe de ativos, conhecida por sua volatilidade.

O movimento de queda na taxa ofertada pelo governo começou na última quinzena de dezembro. Desde então, os juros seguem em queda com alguns momentos de alta. Vale lembrar que, quando os juros de um título prefixado caem, o investidor que havia comprado com a taxa anterior tem uma valorização de sua carteira.

Do dia 2 de janeiro até o dia 30, as Notas do Tesouro Nacional - Série B (NTN-Bs) com vencimento em 2035 tiveram uma valorização de 3,87%. No mesmo período, uma aplicação a 100% do CDI entregou uma rentabilidade de 0,88%.

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A trajetória de redução nas taxas pode ser observada, inclusive, nos títulos mais longos, defenestrados de carteiras de fundos de renda fixa no ano passado. A NTN-B com vencimento em 2035 começou o ano com uma taxa real de juros de 6,17%, como mostram os dados do site do Tesouro Direto. Encerrou janeiro em 5,90%. O pico de dezembro havia sido nos dias 16 e 17, quando a taxa chegou a 6,38%.

O mesmo comportamento se vê em NTN-Bs ainda mais longas. Os títulos com vencimento em 2050 começaram o ano com uma taxa de 6,17% e fecharam o primeiro mês de 2015 a 5,92%. Nos dias 16 e 17 de dezembro, quando culminou uma sequência de altos e baixos, a NTN-B 2050 operava com uma taxa de 6,41%.

Esse movimento decrescente nas taxas longas traz à memória as glórias de 2012, quando carteiras e fundos de investimento experimentaram taxas de retorno de dois dígitos altos por conta das NTN-Bs longas. Os especialistas advertem que, apesar de o sentido decrescente da taxa ser claro e fundamentado em fatores internacionais e também domésticos, não se pode dizer que 2015 será um "repeteco" do ano de 2012.

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"Não acho que vivemos um novo 2012", afirma o superintendente de Renda Fixa e Multimercados da Bradesco Asset Management (Bram), Carlos Rocha. Ele argumenta que há fontes de risco que podem alterar o sentido do comportamento das taxas de títulos mais longos. "O sentido (de queda na taxa real de juros) está correto, mas há ainda algumas dúvidas (sobre a persistência desse movimento)", afirma.

Rocha menciona alguns motivos ao afirmar que o "sentido está correto". Um deles é a queda nos juros em vários países. Nas economias desenvolvidas, alguns países operam com taxas nominais negativas. Um exemplo é o "bond" alemão (título soberano) que opera a cerca de -0,05%. Nos emergentes, o comportamento tem sido o mesmo. As taxas na África do Sul, Turquia, México, Colômbia seguem o sentido decrescente.

O diretor de gestão de renda fixa e multimercados da gestora Quantitas, Rogério Braga, faz as mesmas observações que Rocha. "Vimos também as taxas de países da América Latina cederem em vários vencimentos", diz. Braga citou como exemplo os vencimentos de cinco anos em três países.

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Essa taxa de juros no México caiu de 5,41% no fim de dezembro para 4,83% no fim de janeiro. Na Colômbia, passou de 5,35% para 4,76%, na mesma base de comparação. E, no Chile, passou de 3,83% para 3,47%". "Analisando porcentualmente, as taxas nesses países caíram mais do que no Brasil", afirma Braga.

Na avaliação de Rocha, da Bram, um dos principais propulsores desse movimento generalizado é a redução nos preços internacionais das commodities, especialmente o petróleo e as commodities metálicas. Em razão disso, afirma Rocha, a inflação vem cedendo no mundo inteiro. Nesse contexto, o Brasil é uma exceção.

Braga, da Quantitas, argumenta que a atuação da nova equipe econômica contribuiu para a redução das taxas longas, assim como a decisão do Banco Central de iniciar um novo ciclo de aperto monetário.

Braga afirma que as decisões no campo econômico do governo Dilma 2 não foram o principal motivo para o Brasil acompanhar o movimento internacional. "O principal driver foi internacional. Mas se o (ministro da Fazenda, Joaquim) Levy não tivesse colocado medidas, talvez tivéssemos descolado do mundo e não víssemos a curva longa indo para baixo", diz.

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Como afirma Rocha, da Bram, a persistência no movimento de queda nas taxas longas não pode ser dada como certa. Ele argumenta que há questões relevantes no cenário internacional, como, por exemplo, o aumento da volatilidade nos mercados financeiros internacionais e a dúvida sobre quando o Federal Reserve irá aumentar os juros nos Estados Unidos.

No Brasil, alguns fatores domésticos também colocam em dúvida a trajetória decrescente no longo prazo. O déficit fiscal, o déficit em conta corrente e a perspectiva de baixo crescimento são preocupações de 2015 que não existiam nessa magnitude há três anos.

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