IPCA termina o ano em 4,83% e meta de inflação é descumprida
Nos últimos quatro anos, é a terceira vez que a inflação fica acima do teto da meta, de 4,5%, perseguida pelo Banco Central. Centro da meta é 3%
Pela oitava vez desde que o sistema de metas de inflação foi implantado no Brasil, em 1999, o alvo para o IPCA perseguido pelo Banco Central foi descumprido, sendo sete por ficar acima do teto e uma por ficar abaixo do piso (em 2017). Em 2024, o índice ficou em 4,83%, segundo dados divulgados nesta sexta-feira, 10, pelo Instituto Brasileiro de Geográfica e Estatística (IBGE). O centro da meta é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos.
Nos últimos quatro anos, a meta foi descumprida três vezes (2021, 2022 e 2024). E a tendência é isso volte a ocorrer este ano. A mediana das previsões das instituições consultadas indica um IPCA de 5% para 2025.
Além disso, a partir deste ano, há uma mudança no regime de metas de inflação, que passa a ser contínua, e não mais relativa ao ano inteiro. Dessa forma, se a inflação ficar acima do teto ou abaixo do piso por seis meses seguidos, a meta será considerada descumprida.
Aceleração em dezembro
Os dados divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE mostram que a inflação acelerou em dezembro, ficando em 0,52%, uma alta de 0,13 ponto porcentual em relação à taxa de novembro (0,39%).
De acordo com o instituto, à exceção do grupo Habitação (que teve queda de 0,56%), todos os demais grupos de produtos e serviços tiveram alta em dezembro.
No caso do grupo Alimentação e Bebidas, a alta em dezembro foi a quarta seguida. “A alimentação no domicílio subiu 1,17%, influenciada pelas altas das carnes (5,26%), com destaque para costela (6,15%), alcatra (5,74%) e contrafilé (5,49%), além do óleo de soja (5,12%) e do café moído (4,99%)”, diz o IBGE. “Já as quedas em destaque foram limão (-29,82%), batata-inglesa (-18,69%) e leite longa vida (-2,53%).” Já a alimentação fora do domicílio, com alta de 1,19%, acelerou em relação ao mês anterior (0,88%).
No grupo dos Transportes, o resultado foi influenciado principalmente pelo aumento nos preços do transporte por aplicativo (20,70%) e das passagens aéreas (4,54%). “Os combustíveis aumentaram 0,70%, com as seguintes variações: etanol (1,92%), óleo diesel (0,97%), gasolina (0,54%) e gás veicular (0,49%)”, segundo a nota do IBGE.
No grupo Habitação, de acordo com o IBGE, a energia elétrica residencial recuou 3,19%, influenciada pelo retorno, em dezembro, da bandeira tarifária verde, sem cobrança adicional nas contas. Em novembro, estava em vigor a bandeira tarifária amarela, que acrescentava R$ 1,885 a cada 100 kWh consumidos.