Economia além do dinheiro: uma ciência para o bem social
A economia oferece soluções práticas e eficazes para desafios contemporâneos em diversas áreas, contribuindo significativamente para o bem-estar social
*Artigo escrito por Zeller do Valle Bernardino, sócio da Valor Investimentos e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Economia de 2024 do IBEF-ES.pp_amp_intext | /1034847/FOLHA_VITORIA_AMP_02
A economia é frequentemente vista como a ciência que lida com dinheiro, mercados financeiros e a alocação de recursos, mas sua abrangência vai muito além disso.
Na verdade, a economia é uma ciência social que estuda o comportamento humano e as interações sociais, buscando entender como as pessoas e as sociedades alocam recursos escassos para alcançar diferentes objetivos.
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Por isso, ela pode ser vista como uma ciência do bem-estar social, influenciando e gerando soluções para áreas diversas, como segurança pública, marketing e políticas públicas.
Um exemplo notável é a aplicação na formulação de políticas públicas. Modelos econômicos são usados para prever os impactos de políticas como impostos, subsídios e regulamentações sobre o bem-estar da sociedade.
A análise custo-benefício, por exemplo, é uma ferramenta comum que avalia se os benefícios de uma política superam seus custos.
Estudos sobre programas de transferência de renda, como o Bolsa Família no Brasil, mostram como a economia pode informar políticas que melhoram a vida das pessoas, com efeitos positivos na redução da pobreza e na melhoria dos indicadores de saúde e educação
No campo do marketing, a Economia Comportamental tem desempenhado um papel crucial, ajudando a entender como as pessoas tomam decisões de consumo.
O conceito de "nudges", popularizado por Richard Thaler, exemplifica essa aplicação, na qual pequenas intervenções são usadas para incentivar escolhas alinhadas com os interesses de longo prazo das pessoas, sem restringir sua liberdade.
Empresas e governos aplicam esses princípios para melhorar decisões de consumo, como incentivar a poupança ou promover escolhas alimentares saudáveis.
A economia também é fundamental na segurança pública. Gary Becker, laureado com o Prêmio Nobel, fez estudos propondo que o crime pode ser analisado como uma escolha racional, em que os indivíduos pensam os benefícios esperados contra os custos, como a probabilidade de ser pego e punido.
Um estudo de Levitt e Venkatesh (2000) aplicou essa abordagem ao analisar o comportamento de gangues de drogas em Chicago, oferecendo resultados valiosos para a formulação de políticas mais eficazes de combate à criminalidade.
Em suma, a economia é muito mais do que uma ciência do dinheiro. Ao estudar o comportamento humano e as interações sociais, ela oferece soluções práticas e eficazes para desafios contemporâneos em diversas áreas, contribuindo significativamente para o bem-estar social.
*Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo