Tesouro: cenário básico de 2016 apoia-se em ajuste fiscal em curso como âncora
Brasília - O cenário usado pelo Tesouro Nacional para traçar o Plano Anual de Financiamento (PAF) para 2016 é de um cenário doméstico básico apoiado, fundamentalmente, no ajuste fiscal em curso, "visto como âncora necessária para a retomada do crescimento econômico, bem como para a convergência da trajetória da inflação à meta oficial".
De acordo com o relatório do PAF para 2016 divulgado nesta segunda-feira, 25, esse cenário considera desvalorização da taxa de câmbio, em resposta à descompressão dos preços das commodities no mercado internacional e fortalecimento do dólar frente às demais moedas. "Tal cenário inclui ainda a continuidade das condições favoráveis de financiamento do balanço de pagamentos", afirma o relatório.
Em cenários alternativos, o Tesouro frisa as incertezas sobre a aprovação ou não das medidas necessárias ao ajuste fiscal, o que impactaria tanto os níveis de atividade doméstica quanto a flutuação da taxa de câmbio. Por fim, o Tesouro ressalta que "não são incluídos cenários com fortes choques ou situações de estresse dentre aqueles que servem de base para a definição dos limites resultantes deste plano de financiamento".
Segundo o Tesouro, o cenário básico e de maior probabilidade se assemelha às expectativas de mercado para 2016, "sendo que suas premissas consideram ausência de choques externos ou domésticos significativos".
No cenário internacional, o Tesouro trabalha com a continuidade de crescimento da economia norte-americana com uma normalização gradual da política monetária e considera uma recuperação lenta e heterogênea das economias da zona do euro com a continuidade das políticas de estímulo e desaceleração da economia chinesa, mas ainda em ritmo robusto e sustentável. "O maior risco a este cenário envolve uma redução mais forte no ritmo de crescimento da China, que traria um desempenho ainda mais fraco para economias emergentes", diz o relatório que é formulado pelo Tesouro.
Segundo o Tesouro, no início de janeiro já houve o pagamento do título Global BRL 2016 no valor de R$ 3,54 bilhões. De acordo com o Tesouro ainda, esse título tinha seu custo definido em real e o montante pago representa 22% dos pagamentos da dívida externa previstos para o ano.
Ainda em janeiro, já venceram R$ 139,3 bilhões dos vencimentos da Dívida Pública Mobiliária Federal interna que somam de R$ 613,2 bilhões. Esse valor corresponde a 22,7% do serviço dessa dívida em 2016. Segundo o Tesouro, os prefixados correspondem a 74,6% dos vencimentos da DPMFi este ano.
2015
A participação dos investidores estrangeiros no estoque da Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) subiu em 2015. O porcentual passou de 18,6% em dezembro de 2014 para 18,8% no último mês do ano passado, quando somou R$ 497,84 bilhões. Em novembro, o estoque nas mãos de estrangeiros estava em R$ 498,87 bilhões.
Já a parcela das instituições financeiras no estoque da DPMFi teve queda de 29,8% de dezembro de 2014 para 25,0% em dezembro de 2015. Os fundos de investimentos reduziram a fatia de 20,3% para 19,6%. A proporção de títulos em posse de fundos de previdência subiu de 17,1% para 21,4%. O governo passou a ter 5,8% dos títulos em 2015, contra 5,7% em 2014. Já as seguradores tiveram crescimento na participação de 4,1% para 4,6%.
No que se refere ao prazo, a parcela da Dívida Pública Federal (DPF) a vencer em 12 meses caiu em 2015, passando de 24,0% em dezembro de 2014 para 21,6% no ano passado. O prazo médio da dívida subiu de 4,4 anos em 2014 para 4,6 anos em 2015.
O custo médio acumulado em 12 meses da DPF teve um salto e passou de 11,84% ao ano em 2014 para 16,07% ao ano em dezembro de 2015.