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Economia

Brasil não conseguirá importar desinflação global como espera BC

Estadão Conteudo

Redação Folha Vitória
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São Paulo - Dificilmente a onda deflacionária que se espalha pela economia mundial terá efeito redutor na dinâmica da inflação no Brasil. Apesar de o Banco Central (BC) ter apontado principalmente incertezas externas como um dos fatores para a manutenção da taxa básica de juros na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), especialistas ouvidos pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, avaliam que o País não será capaz de "importar" o ímpeto desinflacionário global. A pouca abertura da economia brasileira, o controle dos preços dos combustíveis e, sobretudo, a intensa depreciação do real ante o dólar devem limitar ou até mesmo anular os reflexos da desaceleração da China e da queda dos preços das commodities.

Para Armando Castelar, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), atualmente, não há ímpeto deflacionário e todos os riscos da inflação são para cima. Dessa forma, ele entende que o BC se colocou em uma situação "extremamente difícil" para explicar a decisão da última reunião Copom, de manter a Selic em 14,25% ao ano, após passar semanas sinalizando para a elevação da taxa. O especialista argumenta que até mesmo a desaceleração da economia chinesa, principal parceira comercial brasileira, teria efeitos limitados, já que o Brasil é muito fechado para que uma mudança no cenário externo tenha efeitos deflacionários significativos.

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Na avaliação do economista da Rosenberg Associados, Leonardo França Costa, não há novidade no cenário global nas últimas semanas que represente uma influência deflacionária relevante para o Brasil. "Pensando sob a ótica das commodities, que afetam os IGPs (Índices Gerais de Preços), o que tem puxado os preços mais pra baixo internacionalmente é o petróleo, mas este fator não se reflete internamente porque o preço dos combustíveis é controlado", observa.

O superintendente adjunto para inflação do Ibre, Salomão Quadros, reconhece que já houve uma queda acentuada nos preços do minério de ferro, assim como do petróleo, e que há uma leve tendência de baixa entre as commodities agrícolas. Ele pondera, no entanto, que o enfraquecimento do real ante o dólar limita os efeitos da queda nas cotações internacionais. "É difícil dizer quem vai mais longe e qual vai ser o resultado líquido dessas contribuições opostas", observou. O coordenador dos IGPs acrescenta ainda que, mesmo que a força resultante seja deflacionária, o ambiente recessivo no Brasil abre espaço para recomposição de margens e impede uma redução de preços mais rápida e completa, limitando qualquer contribuição favorável à queda do IPCA.

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Os especialistas acrescentam ainda outro componente externo da balança de riscos que tende a pressionar - e não arrefecer - a inflação por aqui: a continuidade do aperto monetário nos Estados Unidos, que pode levar a uma fuga de dólares, elevando a cotação da moeda norte-americana e, entre outros fatores, encarecendo produtos importados.

Reforçando a percepção de que o Brasil não tem uma onda deflacionária para surfar nos próximas meses, relatório da LCA Consultores aponta o gradual refluxo da "ameaça de deflação" global como um do motivos que devem levar o Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, a subir os juros por três vezes em 2016.

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