Para Abecip, crédito imobiliário em 2014 teve desempenho satisfatório
São Paulo - O crédito imobiliário não cresceu no ritmo que a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) esperava, mas bateu novo recorde e teve desempenho satisfatório considerando o cenário desfavorável da economia brasileira, segundo o presidente da entidade, Octavio de Lazari Junior. "O volume de operações de crédito está bastante coerente com a capacidade de consumo e econômica que o Brasil tem", avaliou ele, em coletiva de imprensa, nesta quarta-feira, 21.
No ano passado, o volume de empréstimos para aquisição e construção de imóveis totalizou R$ 112,9 bilhões, 3,4% maior que no ano anterior. O desempenho do período ficou abaixo da projeção da entidade, de avanço de 5% em 2014. Para este ano, a Abecip também espera que os desembolso do crédito imobiliário alcance crescimento de 5%, para R$ 119 bilhões.
De acordo com o presidente da entidade, o crédito imobiliário tem capacidade de continuar crescendo a despeito de um crescimento menor dos depósitos na poupança, uma das principais fontes de financiamento do segmento. "Temos todos os instrumentos necessários para continuar fazendo crescer o crédito imobiliário mesmo com redução da poupança, carência ou esgotamento, o que não é o caso", afirmou ele.
Gargalo
De acordo com Lazari Junior, o crescimento do crédito imobiliário não voltará a patamares de 30%, 40% ao ano. Esse patamar de expansão, segundo ele, é "até perigoso", pois representa gargalo para os vários segmentos envolvidos como de construção, mão de obra etc.
"Em um ano bom, o crédito imobiliário cresce 10%, podendo chegar a 15% de alta em um cenário ótimo. Há capacidade muito boa de continuar crescendo, pois o crédito imobiliário é muito menos estoque e mais fluxo. Trata-se de uma operação de longo prazo", afirmou ele.
O cenário neste ano, de acordo com Lazari Junior, é desafiador, considerando as medidas recém-anunciadas pelo governo, que incluem aumento de impostos e a expectativa de não crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. "O remédio é amargo, mas necessário", afirmou o presidente da Abecip, referindo-se aos recentes anúncios feitos pelo governo.
Sobre a inadimplência, o presidente da Abecip afirmou que o número de calotes segue constante e não há preocupação quanto ao indicador. "Se a inadimplência subir em 2015, o aumento será de 0,1 ponto porcentual, não mais que isso", garantiu ele.
Ao final de 2014, a inadimplência da hipoteca e alienação fiduciária foi a 1,4%, abaixo do indicador do ano anterior, de 1,7%. Quando considerados apenas contratos com alienação fiduciária, o indicador passou de 1,4% em 2013 para 1,3% no ano passado.